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Felinos idosos em Zoo do DF serão transferidos para santuário em SP

12 de agosto de 2015
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O governo do Distrito Federal anunciou nessa terça-feira (11) que os felinos idosos confinados no Zoológico de Brasília serão transferidos “o mais rápido possível” para o Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, em Cotia (SP). O GDF não informou data da mudança e não disse se o zoo sofrerá alguma sanção pelas más condições do leão Dengo e da onça Tuan.
Na nota enviada à imprensa, o governo reconhece a “situação degradante” a que foram submetidos um leão e uma onça, “[…] já em idade avançada e com histórico de doenças graves” (leia íntegra abaixo). A decisão foi tomada pelo vice-governador, Renato Santana, e pelo secretário de Meio Ambiente, André Lima.
Santana se reuniu nesta terça com deputados federais da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais e com ativistas responsáveis pelos protestos. “Isso só prova para a gente que, quando a sociedade civil se envolve para buscar soluções, ela consegue. Foi o que a gente fez”, diz Bruno Pinheiro, da Frente de Ações pela Libertação Animal (Fala).
A nota do GDF também cita o “alto custo com a permanência dos dois no espaço do Zoológico” e afirma que o gasto para reformar o ambiente dos felinos seria superior a R$ 40 mil. A obra chegou a ser defendida pelo diretor do zoo, José Vieira, em entrevista ao G1. A reportagem não conseguiu contato com a instituição na noite desta terça.
Segundo o governo, o transporte e o acompanhamento dos animais até São Paulo será feito pela equipe do santuário. Em junho, o zoo do DF enviou para o Rancho dos Gnomos o tigre-de-bengala Diego, apreendido em um circo em 2006 e que apresentava quadro de depressão.
Fundadora do santuário, Sílvia Pompeu disse ao G1 ter visto de perto a situação “lamentável” em que os animais vivem quando foi buscar Diego. O bicho estava com depressão e passou nove anos vivendo no “hospital” do zoológico.
Próximos passos
Pinheiro diz que há outros casos, “mais escondidos”, em que também há suspeita de maus-tratos na unidade. “São casos de outros felinos em recintos muito pequenos, expostos para visitação o dia inteiro ou trancados o dia inteiro”, diz o ativista.
Ele afirma que o grupo não pede o fechamento do zoológico, mas uma “remodelagem” mais voltada para a educação ambiental do público. Nesta sexta (14), a frente deve participar de audiência pública na Câmara Legislativa do DF com representantes do Zoológico e do governo.
“[Pedimos] que parem de pegar animais sadios para compor um plantel. [Pedimos] que parem de reproduzir animais dentro do zoológico. Na semana passada, morreu uma tigresa chamada Nina. Ela nasceu no zoo, viveu 13 anos enjaulada, exposta em um ambiente rebaixado, com muro alto de concreto. Não há nada de preservação nisso”, afirma Pinheiro.
Condições
No início da semana, o Zoológico de Brasília informou que concluiria em 60 dias a ampliação do espaço de 77 m² onde o leão vive há quatro anos. Ao G1, o diretor afirmou que a ampliação “já estava nos planos”.
Atualmente, o zoológico de Brasília tem 13 felinos de grande porte: dois leões, dois tigres-de-bengala, dois tigres brancos, três onças sussuaranas e quatro onças-pintadas. Sem contar com os animais invertebrados, 1,3 mil bichos vivem no espaço.
Vieira também afirmou que a transferência de Dengo já tinha sido descartada. “Já foi definido que não [será transferido]. Tem já o parecer do técnico veterinário, onde não tem esse conselho, porque uma viagem dessas [até São Paulo, onde fica o santuário Rancho dos Gnomos] é longa e há desgaste”, afirmou.
Mau estado
A reportagem do G1 esteve no zoo na sexta-feira (8) para conhecer a área onde os felinos adoecidos vivem – chamada de “extra” (veja vídeos ao longo deste texto). Uma equipe de biólogos da instituição usou uma bola de papel aromatizada com canela e orégano para estimular a curiosidade do leão. Ao ver o objeto, o animal levantou, brincou com a bola, deu uma volta no recinto, rugiu e encostou no portão, permitindo que um tratador tocasse sua juba. Depois, com as pernas traseiras fragilizadas, voltou a deitar.
Resgatado por maus-tratos de um zoológico em Niterói, Dengo é o único leão vivo de uma série de resgates realizadas pelo Ibama em 2007 e 2011. A ex-companheira dele, Elza, morreu em 2013 de câncer. Três outros animais da espécie resgatados em 2007 do Circo Transcontinental – Léo, Nando e Sansão, que também viveram durante anos no “extra” – morreram de insuficiência renal, depressão respiratória e câncer. De acordo com o zoo, todos tinham Aids felina, assim como Dengo.
O veterinário do zoo Rafael Bonoremo diz que os leões resgatados não podiam ser misturados a outros animais por conta da doença e, por isso, o setor “extra” foi criado. Todos os animais tinham idade avançada e foram resgatados com lesões e com a saúde prejudicada.
O diretor afirma que o animal vive em um espaço que segue a instrução normativa do Ibama – de 70 m² para dois animais. “Acredito que o Ibama não destinaria o animal para um lugar que não fosse adequado”, disse a bióloga Khesller Name.
A onça pintada Tuan, de 21 anos, estava no recinto ao lado do leão e foi transferida na quinta-feira para um recinto próprio, separada dos demais animais da espécie. Ela havia sido encaminhada para o “extra” há dois meses, após ser ferida pelas companheiras. O animal também sofre de insuficiência renal e, segundo o zoo, já superou a expectativa de vida para a espécie.
Ministério Público
O zoológico está sob intervenção jurídica desde 2005. A promotora de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público, Luciana Bertini, afirma que acompanha de forma sistemática o trabalho na fundação. Ela diz que uma ação civil pública ajuizada em 2005 resultou em um acordo judicial com a instituição e que, desde então, a maior parte das adequações firmadas já foram cumpridas.
Segundo ela, uma inspeção judicial determinada pela Vara do Meio Ambiente foi realizada no início do ano e não foi constatado nenhum tipo de negligência com os bichos. A promotora afirmou que iria oficiar o zoológico para que informassem quais providências iriam adotar em relação ao leão, mas se posicionou contra a transferência do animal para o santuário.
“Nenhuma decisão milagrosa da Justiça vai determinar que fiquem em algum lugar. Se são animais idosos e acamados, como vai submeter à transferência? Médicos veterinários já recomendaram que estão em situação tão peculiar que não é o caso.”
Leia a íntegra da nota enviada pelo governo do Distrito Federal
“O leão e a onça confinados no Zoológico de Brasília serão transferidos o mais rápido possível para um santuário ecológico em Cotia, São Paulo. A decisão foi tomada pelo vice-governador Renato Santana na noite dessa quarta-feira (11) depois de se reunir com deputados federais membros da Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos Animais e um grupo de ativistas. O santuário Rancho dos Gnomos, que há 24 anos atua no auxílio do Poder Público e órgãos ambientais, será o responsável pelo translado e toda a equipe médico-veterinária que fará o acompanhamento dos dois animais no trajeto Brasília-São Paulo.
A decisão do vice-governador Renato Santana foi tomada em conjunto com o secretário de Meio Ambiente, André Lima, observando a situação degradante dos dois animais, já em idade avançada e com histórico de doenças graves, e o alto custo com a permanência dos dois no espaço do Zoológico. A direção do Santuário informou ao vice-governador que fará o translado e o acompanhamento médico do leão e da onça até o abrigo, que já recebe centenas de outros animais em situação semelhante.
Além de dar melhores condições de sobrevivência aos animais, a decisão também traz economicidade para o Poder Público, revertendo um gasto de mais de R$ 40 mil que o Zoológico de Brasília teria com uma possível reforma do ambiente no qual o dois estão instalados, mais os gastos com a manutenção dos animais em espaço não adequado.”
Fonte: G1
Nota da Redação: Zoológicos e outros locais que aprisionam animais devem ser completamente extintos. Casos como o do zoológico de Brasília servem para alertar a população mundial sobre a injustiça e crueldade escondida atrás de zoológicos e outros locais que mantém animais em cativeiro apenas para divertimento humano. É preciso clarear a consciência para entender e respeitar os direitos animais. Eles não são objetos para serem expostos e servirem ao prazer de seres humanos. As pessoas podem obter alguns minutos de entretenimento, mas para eles é uma vida inteira de exploração e abusos condenados pelo egoísmo humano.

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