A Feira de Segurança Alimentar aconteceu neste domingo, dia 18 de outubro, em Porto Alegre. O evento contou com a presença da SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira – e da VAL – Vanguarda Abolicionista –, dois grupos ativistas pelos direitos dos animais e pelo vegetarianismo como estilo de vida.
Desde 1981, várias entidades civis e governamentais, reconhecendo a importância das temáticas Alimentação e Nutrição para as populações, reúnem-se para comemorar no Rio Grande do Sul o Dia Mundial da Alimentação, instituído na data de 16 de outubro pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Atualmente essa celebração anual é denominada Semana da Alimentação do Rio Grande do Sul (SEMA RS). A ação conta com a participação de diversas entidades e instituições, na capital e nos municípios gaúchos, constituindo um amplo programa que abriga, além da temática estabelecida pela FAO, outras importantes manifestações, debates e encaminhamentos a respeito da Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, e seus fundamentos principais que são o Direito Humano à Alimentação Adequada e a Soberania Alimentar.
Foram distribuídos panfletos, houve também venda de livros e camisetas da causa.
Para informações sobre alimentação vegetariana/vegana, contamos com o apoio da nutricionista Cláudia Lulkin, que mostrava aos visitantes da feira as diversas opções de origem vegetal e benefícios à saúde – dos humanos e dos animais.
Na banca do Greenpeace, uma curiosa afronta à pecuária, mas cheia de dedos, já que nem se toca no assunto da questão animal. Para eles, deixar de comer carne é uma questão de “razoabilidade”. Ainda não acordaram para o fato de que a ganância e a exploração que a humanidade exerce sobre os animais é o que vem empobrecendo nossa ética, empobrecendo os solos e torturando vidas indefesas. Mas, para eles, a razoabilidade está em trocar o solo da Amazônia por outro solo (do Cerrado talvez? Da Lua?). Querem que se saiba a procedência do “nosso peixe”, do “nosso gado”. Do meu gado? Discurso conciliatório, papo para boi dormir… Todos sabemos de quem é o gado e para onde “flui” o dinheiro…
O dia foi lindo e movimentado pela manhã. À tarde, pouco movimento e muito vento, mas a presença de veículos de comunicação, de pessoas interessadas e muita discussão positiva sobre alimentação, humanidade, amizade, ecologia e respeito aos animais.
Contamos com a presença da socióloga Eliane Lima, que tratou das questões políticas e sociais do vegetarianismo. Abordou assuntos como o direito do consumidor para os vegetarianos, como agem as empresas que testam em animais e as que não testam e como é o relacionamento delas com o consumidor vegetariano e o consumidor comum.
Falou sobre as muitas empresas que estão mudando sua postura e não usando mais produtos de origem animal na sua composição, informando nas embalagens essa atitude. Uma mudança que tem muito a ver com a insistência de pessoas ativistas que exigem que seus direitos sejam respeitados.
Todos nós ajudamos na feira e aprendemos muito. Pudemos ter um panorama das questões biológicas, filosóficas, sociais e nutricionais, das questões relacionadas à agricultura, como, por exemplo, o modo como a pecuária colabora para aumentar o aquecimento global e as mudanças climáticas, coisa que todo biólogo tem obrigação de informar, se atua em escolas e meios de comunicação.
O evento, multidisciplinar, é uma chance de se ter acesso aos mais diversos tipos de alimentos, maneiras de preparo, agricultura familiar e ecologia. Notei que poucas crianças e jovens estavam no evento. Uma pena, pois é uma chance de se obter informações sobre o plantio de cereais no Estado, sobre os projetos novos em cada área da agricultura e poder ter uma visão ampla – desta vez incluindo os animais graças à presença da banca VAL/SVB – o que hoje em dia é o objetivo de muitos professores e uma questão importante na educação.
A educação carece de exemplos, coisas concretas, alternativas à sala de aula e também ao modo de vida destrutivo em que a humanidade se encontra. É algo que vem sendo discutido há séculos. Na próxima coluna, tratarei da educação e de uma nova proposta que inclua o exemplo, a “atitude”, como maior auxiliar no aprendizado.
Esta feira é um evento que se repete anualmente e que reúne pessoas que trabalham com alimentação. Havia bancas que trabalham com soja, linhaça orgânica e muitas outras relacionadas aos cultivos de cereais, agricultura desenvolvida pelas mulheres, camponesas, cooperativas e grupos diversos.
A banca que trata do tema vegetarianismo e animais surgiu como uma opção ecológica e totalmente sustentável – seja do ponto de vista argumentativo, ou do ponto de vista ecológico. Espero que, no próximo ano, mais crianças e jovens possam conhecer este evento e estar presentes para maior informação sobre algo (a alimentação humana), que está intimamente ligado às nossas vidas e que envolve, infelizmente e ainda, a vida de milhares de seres que chamamos de “animais”.