EnglishEspañolPortuguês

Final de ano: abandono de animais e a miséria humana

25 de novembro de 2009
3 min. de leitura
A-
A+

Contra todo falso positivismo da época que, “do nada” insiste numa alegria alienante e passageira, escrevo este título como uma constatação. No fim do ano é comum o abandono de animais por aqueles que, se preciso for, deixam o vovô em casa sozinho, no asilo, “dão fim” no gato e deixam o cão na beira da estrada, à caminho de Capão. Para ir passar o verão nas praias qualquer coisa vale, inclusive, ser irresponsável.

A frase do título parece pesada, mas só para os fanáticos pelas “vibrações positivas”, os incapazes de sentir alegria genuína e que acham que uma frase vinda do exterior pode acabar com a paz de espírito interna.

No ano passado, fui a Capão da Canoa e fiquei chocada com o descaso e a ignorância dos veranistas, dos moradores e de todos com relação aos animais. Nós, que temos esse hábito de ver os animais por onde passamos, ficamos estupefatos com muitos deles abandonados nas estradas, correndo atrás de qualquer carro, na esperança de encontrar seu dono.

Carroças pesadas e jogadas no meio da cidade e no interior também. Violência contra os cavalos, crianças com chicote, imitando a realidade da nossa capital, falta de respeito geral, que me fez chorar.

Num quiosque à beira-mar, no ponto central de Capão da Canoa, sentamos para tomar água  quando vimos um cão. Ia pedir um pastel para dar a ele, quando o funcionário chutou o animal. Eu me levantei e disse que iria embora daquele lugar.

O mais triste foi ver os idiotas das mesas rirem da nossa atitude, uma prova de que o deboche quase sempre vem dos ignorantes e dos miseráveis. E quanto maior a miséria, maior o deboche.

Isso foi o que mais me chocou. Ver que as pessoas estão cada vez mais idiotizadas e infelizes, mas no ano novo, no natal, querem gritar alegria! Paz! Sem saberem ao certo o que é isto.

O rapaz que chutou o cão veio com um papo de “higiene”, sendo que ele atendia de pés descalços e roupas sujas. “Miséria, miséria, em qualquer canto” (Titãs).
Escrevemos para a Zero Hora, mas não publicaram nossa “reclamação”. Logicamente nunca mais ponho meus pés naquele lugar.

Mas aviso aos que respeitam os animais que esta época é a mais crítica, por se tratar do período em que as pessoas se dão conta de que seu cachorrinho (comprado nas feiras de filhotes que infelizmente ainda não foram proibidas por aqui) é grande demais para o carro, incomoda muito, terá que ficar sozinho em casa gritando (aconteceu aqui perto de minha casa). O arrependimento por ter “essa coisa” em casa faz com que pessoas irresponsáveis e miseráveis por dentro abandonem o animal em qualquer lugar, para ser chutado, passar fome e sede.

Sugiro que deixem sempre um pote de água na rua, pois outro ponto importante no verão é que os animais de rua não encontram onde beber água. É triste, mas água faz muita falta. Para nós, que temos torneiras em qualquer lugar, não, mas para animais de rua é difícil encontrar água para beber.

Aos que acreditam na esperança, no “espírito de natal”, aos que se deprimem no final de ano, aos que realmente esperam algo dessa vida, uma sugestão:

Ajude um animal carente.

Muitas pessoas ajudam seres humanos, há albergues, casas de passagens, entidades mil para ajudar humanos. Eu mesmo ajudo pessoas carentes e sei de muitos ativistas pelos animais que ajudam pessoas também.  Como alguém um dia disse: humanos têm braços, pernas e voz para se defender, buscar ajuda, ir atrás de comida e de seus direitos. Animais não são ouvidos.

Para animais carentes há pouca ajuda e, nessa época, quase nenhuma. Então fica a dica, e bom veraneio a todos.

Nos encontramos em qualquer praia, menos naquelas que tratam seus animais com desrespeito!

fimdeano

Você viu?

Ir para o topo