Por Simone Gil Mondavi (da Redação – Argentina)
A exploração dos animais é, com o consumo da carne de cavalo, um grande negocio na Argentina. Apesar do consumo interno ser mínimo, os comerciantes encontraram na exportação da carne, um negócio lucrativo.
A jornalista e presidenta da Associação da Defensa dos Direitos Animais (ADDA), Martha Gutiérrez, referiu-se em um articulo do jornal Clarín, sob a crueldade com os cavalos na Argentina, onde as condições de exploração atingem um limite extremo.
Com mais de 200 mil cavalos abatidos a cada ano, Argentina tornou-se o maior exportador mundial de carne de cavalo do mundo.
Segundo as informações da ADDA, as autoridades não só precisam responder pelos animais, mas também pelos três quartos da população argentina, que está em contra do consumo de carne de cavalo e contra a exportação de carne a outros países estrangeiros.
Enquanto o comercio da soja constitui um dos principais bens de exportação, Gutiérrez questiona como existem tantos cavalos que estão disponíveis para o consumo humano, interrogando também, o sequestro destes animais nos campos que logo são vendidos para estes propósitos.
Os 200 mil animais, que são reunidos no ano, são dirigidos a quatro centros de abate que estão autorizados pelo governo. A maior demanda vem, em sua maioria, de países de origem europeia como França, Holanda, Itália, Suíça, e outros como Rússia e Japão.
Segundo a análise da defensora animal, o presidente argentino Carlos Menem ativo o comercio e exportação da carne de cavalo, e inclusive a saída dos animais vivos da Europa, destinados aos matadouros desse continente, para logo serem assassinados.
Durante seu mandato, Menem aprovou a Lei 24.525 de promoção e fomento da produção de carne de cavalo para o consumo, e habilitou o mercado e a exportação, assim como modificou a restrição total do abate de cavalo, que anteriormente o Presidente Ricardo Alfonsín havia proibido com o prévio decreto do presidente Perón que incentivava o respeito aos cavalos.
Durante o mandato de Menem, a ADDA convocou a comunidade argentina a assinar massivamente uma petição contra a nova lei, mas apesar da expectativa de rejeição da lei com a resposta da opinião publica, o presidente continuou com o projeto, até que finalmente os interesses comerciais da época avançaram apesar da objeção da população.
Atualmente, a situação de exploração ainda continua, inclusive no uso dos cavalos para transportar grandes cargas sem as condições mínimas das necessidades dos cavalos, mas também existe um completo desconhecimento do sofrimento que os animais tem que suportar.
Desde os prédios de origem, até os matadouros, os cavalos são carregados e descarregados como objetos, a maioria deles lastimados e vencidos pela dor, pelas condições que os levam à morte, pela sede, fome, falta de controle da sua saúde, com ossos fraturados, doenças, para finalmente serem levados com os chifres atados com um arame para que não mordam os funcionários, no instinto animal de sobreviver.
A ativista pediu para se refletir sob a questão de maneira mais consciente, em uma Argentina que, por enquanto, não tem nenhum projeto de modificar a atual lei da exploração e comercio da carne de cavalo.