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ALERTA

Exames preliminares detectam substância tóxica em mais lotes de produtos para alimentação animal

Monoetilenoglicol, mesma substância encontrada em cervejas da Backer, estava nos petiscos investigados. Cerca de 40 cães morreram após a ingestão dos produtos.

9 de setembro de 2022
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Foto: Foto: Divulgação Tv Globo

Resultados preliminares das análises feitas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) detectaram monoetilenoglicol em lotes de produtos para alimentação animal da empresa Bassar, além daqueles inicialmente já encontrados.

Cerca de 40 mortes de cachorros no Brasil foram registradas após a ingestão de petiscos com suspeita de contaminação. A substância é a mesma encontrada em cervejas da Backer, que matou dez pessoas em Minas Gerais.

Segundo a análise, o monoetilenoglicol foi apontado como contaminante de propilenoglicol, substância que faz parte da produção de alimentos da indústria.

Diante dos resultados, o Mapa determinou que fabricantes de alimentos e mastigáveis indiquem os lotes de propilenoglicol existentes em seus estoques e seus respectivos fabricantes e importadores.

“Até o momento, as investigações ainda não determinaram a origem do aditivo utilizado, em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados sem registro no Ministério. O propilenoglicol é um produto de uso permitido na alimentação animal, desde que seja adquirido de empresas registradas no Mapa”, afirma o órgão.

De acordo com o Mapa, para o maior controle quanto à conformidade do propilenoglicol comercializado, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal determinou nesta sexta-feira (9) que empresas fabricantes de alimentos e mastigáveis devem indicar os lotes de propilenoglicol existentes em seus estoques e seus respectivos fabricantes e importadores ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA) de sua região.

Além disso, devem realizar análises em produtos que contenham o propilenoglicol em sua composição, para garantir a segurança de uso nesses produtos, e indicar os lotes de produtos acabados em estoque e já distribuídos que tenham utilizado propilenoglicol em sua composição, incluindo a porcentagem utilizada. Em caso de resultado não conforme, as empresas devem realizar o recolhimento dos produtos e informar ao SIPOA da região.

O Mapa explica também que, aos fabricantes de aditivos que elaborem ou importem propilenoglicol, o Dipoa solicitou que se manifestem quanto à fabricação, importação ou compra de propilenoglicol em território nacional desde dezembro de 2021, com relação à identificação dos lotes, o quantitativo adquirido e suas origens.

Os fabricantes das demais categorias de produtos para as demais espécies de animais também devem indicar se usam o propilenoglicol na composição dos seus produtos e quem são os fornecedores do aditivo.

“As empresas têm o prazo de 10 dias para atender às determinações do Dipoa. A não comunicação ao SIPOAS será interpretada como não utilização do propilenoglicol e as empresas serão fiscalizadas quanto à veracidade das informações prestadas”, determina o Mapa. O g1 procurou a Bassar e aguarda posicionamento.

Cães intoxicados

O propilenoglicol usado pela Bassar teria vindo da empresa Tecno Clean, que tem sede em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Mas ela informou que não fabrica o produto, sendo apenas a distribuidora. O composto, usado no processo de fabricação de petiscos, pode ter sido contaminado com monoetilenoglicol, o que teria provocado as mortes de ao menos 40 cães, por intoxicação, no país.

Por meio de nota, a empresa afirmou que comprou o insumo da empresa A&D Química Comércio Eireli e, posteriormente, revendeu ao mercado nacional como distribuidora.

“Portanto, caso fique comprovado que a contaminação vem de tal produto, a falha deve ser procurada e entendida entre o importador e o fabricante”, diz um dos trechos do comunicado.

Na tarde desta sexta-feira (9), equipes da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estiveram na sede da Tecno Clean.

A reportagem do g1 Minas não conseguiu contato com a A&D Química Comércio Eireli.

Nesta semana, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que já recebeu relatos de cerca de 40 mortes de cachorros no Brasil após a ingestão de petiscos com suspeita de contaminação.

Em Belo Horizonte, subiu para oito o número de óbitos registrados. A instituição mineira vai investigar somente os casos registrados no estado.

Entenda

Três marcas de petiscos são investigadas por suspeita de contaminação: Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral. Todos são de fabricação da empresa Bassar.

Na sexta-feira (2), a Polícia Civil informou que, em um dos petiscos entregues à delegacia por tutores de animais que passaram mal ou morreram, foi identificada a presença de monoetilenoglicol.

A substância, que é tóxica e pode levar à insuficiência renal, já tinha sido detectada por meio de necropsia realizada pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em um dos cãezinhos mortos.

Na última semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou o recolhimento nacional de todos os lotes de produtos da Bassar e a interdição da fábrica, em Guarulhos (SP). Na segunda-feira (5), informou que determinou a fiscalização dos estabelecimentos distribuidores.

“O Mapa orienta que formalizem as denúncias junto à Ouvidoria do Ministério munidos de informações sobre lote e data de fabricação dos produtos suspeitos. Já para fins de ressarcimento, consumidores devem entrar em contato com o fabricante ou com o estabelecimento”, afirmou, em nota.

O que diz a Bassar

“A Bassar Pet Food informa que decidiu interromper a produção de sua fábrica até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação envolvendo lotes de seus produtos. A empresa também está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo.

De modo preventivo, a companhia já estava recolhendo os lotes de duas linhas de alimentos, mas procederá agora ao recolhimento de todos os produtos da empresa nacionalmente, conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento.

A Bassar esclarece que ainda não teve acesso ao laudo produzido pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas está colaborando totalmente com as autoridades desde o início dos relatos sobre os casos. A empresa enviou amostras de produtos para institutos de referência nacional para atestar a segurança e conformidade de seus produtos sob investigação.

Além disso, acionou todos os seus fornecedores para que façam o rastreamento dos insumos utilizados para afastarem a hipótese de algum tipo de contaminação.

A empresa está solidária com todos os tutores de animais, nossos consumidores e razão de nossa empresa existir. Somos os maiores interessados no esclarecimento do caso. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para investigação dos fatos. Os consumidores podem tirar dúvidas pelo e-mail [email protected].”

Fonte: G1

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