O mundo tem sido afetado de forma drástica pelas mudanças climáticas. Exemplos disso são os deslizamentos de terra causados por temporais, que ocasionaram mortes e destruição no Litoral Norte de São Paulo, além da seca extrema em regiões da Europa.
No último dia 20 de março, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um relatório que reúne os conhecimentos mais recentes sobre as mudanças climáticas do mundo. De acordo com o documento, os desastres naturais relacionados ao clima atingem especialmente as pessoas em situação de vulnerabilidade e os ecossistemas mais fragilizados, como os manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.
Aquecimento majorativo
O professor Tercio Ambrizzi, do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, alerta sobre a ligação destes eventos com o aquecimento médio da atmosfera, que cresceu nas últimas décadas. Segundo ele, isso já havia sido sinalizado em diversos artigos e publicado nos relatórios do IPCC.
“Hoje nós sabemos que esse aumento da temperatura média da atmosfera está relacionado ao aumento dos gases que têm um efeito estufa, ou seja, são gases que são liberados na atmosfera através, por exemplo, da queima de combustíveis fósseis, da liberação de metano, através de lixões e outros, que impedem que o calor da superfície da terra escape completamente para o espaço”, explica Ambrizzi.
O aumento gradual do aquecimento global está sempre em pauta nos últimos anos. O professor explica que seus impactos são exatamente esse desequilíbrio dos eventos climáticos. Até o momento, a temperatura média já subiu 1,1ºC acima dos níveis pré-industriais. Desde o Acordo de Paris, a ideia é tentar manter o aumento do aquecimento médio global em torno de 1,5ºC, o que significa que as emissões precisam cair imediatamente e ser cortadas quase pela metade até 2030, para que esta meta tenha a possibilidade de ser alcançada.
“Se nós não fizermos isso, o que vai acontecer, efetivamente, é que a temperatura vai continuar aumentando e vai, de novo, aumentar todos os seus impactos. Aumento do nível do mar, mais ondas de calor, mais ondas de frio também, períodos de seca, períodos de chuva, ou seja, você começa a aumentar todos esses extremos”, declara o professor.
Para Ambrizzi, é necessário ter em mente duas palavras: Vulnerabilidade e adaptação. Ao aumentar esses eventos extremos, a vulnerabilidade cresce em muitas regiões e, consequentemente, o impacto em pessoas que vivem em áreas de risco. Já a adaptação é a ação que os governantes devem ter visualizando os possíveis impactos que podem vir a acontecer. “Nós temos que estar prontos para esse novo clima que está se configurando em função do aumento da temperatura média do planeta”, pontua o especialista.
Fonte: Jornal da USP