Por Natalia Cesana (da Redação)
O plano do governo dos Estados Unidos de atacar a Ilha de Guam, colônia norte-americana na Micronésia, oeste do Oceano Pacífico, com uma saraivada de ratos mortos envenenados como forma de combater as cobras-cipó-marrom provocou a indignação de ativistas em defesa dos direitos animais. A notícia foi publicada no jornal The Guardian.
A PETA, por exemplo, foi um dos grupos que condenou o plano do governo para tentar acabar com cerca de dois milhões de cobras que têm incomodado os moradores locais.
As cobras têm provocado pesados danos ao meio ambiente e à economia de Guam, pois matam espécies de aves nativas e destroem a infraestrutura ao se arrastarem pelas linhas de transmissão de energia e cabos de aço.
Desde que foram trazidas para a ilha há mais de 60 anos, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em embarcações da Marinha americana e nos compartimentos de aviões, as cobras já dizimaram quase todas as espécies de aves nativas.
Agora, para tentar salvar seu território da crescente população de répteis e evitar que ela se alastre para o Havaí, os EUA querem, entre os meses de abril e maio, jogar de helicópteros milhares de ratos mortos e envenenados.
A ideia é que as cobras comam os camundongos, contaminados com acetaminofeno (paracetamol), e assim seja erradicada a população invasiva.
A PETA se posicionou categoricamente contrária à proposta, pois a ação é desumana, absurda e cruel, mesmo com o perigo que os répteis têm infligido aos moradores de Guam.
“A cobra-cipó-marrom não pediu para ser levada clandestinamente em navios e forçada a sobreviver em um local estranho”, afirma Martin Mersereau, diretor de investigações da PETA. “Embora sejam consideradas invasoras, nenhum animal pode ser forçado a uma crueldade destas.”
As cobras, que podem alcançar até três metros de comprimento, atacam os moradores, mordem as crianças e causam cortes de energia generalizados por circularem próximo às linhas de energia.
Além disso, por matarem quase todos os pássaros de Guam, mudanças drásticas têm ocorrido no ecossistema da ilha. Uma das consequências é a explosão populacional de aranhas.
Durante a época de chuvas, o território dos EUA tem 40 vezes mais aranhas em comparação às ilhas vizinhas, com climas semelhantes. As teias formadas também são 50% maiores em Guam que em outros locais do Pacífico.
Desde que a ilha começou a ser infestada por cobras e aranhas e a sofrer com o desaparecimento das aves, o turismo sofreu um dramático declínio.
Mas independentemente de todos os prejuízos, a PETA acredita que matar as cobras seria desumano. “Para um réptil, uma morte assim pode levar dias, até semanas”, disse Mersereau.
Nota da Redação: Também deve ser mencionado que o governo quer exterminar ratos, provavelmente não se importando nem com seu direito à vida nem mesmo com seu sofrimento, envenenando seus cadáveres para matar as cobras. O acontecimento, se se consumar, será uma crueldade dupla, para cobras e ratos.