Todos os dias Dona Luzia na companhia de suas companheiras peludas passa pela rua recolhendo matérias recicláveis.
As duas peludinhas, Laila e a Branca correm até o balcão aqui da padaria e sorrindo esperam pelo habitual café de todas as manhãs.
A Laila come alem do pãozinho um bom pedaço de bolo, já a Branca prefere um copo de café com leite para acompanhar seu pão.
Comem tranquilamente enquanto eu aconselho as duas a não mais correrem atrás das motos e do caminhão que recolhe o lixo, elas parecem me ouvir, pois enquanto comem balançam o rabo alegremente.
Dona Luzia disse-me uma vez que as duas são castradas; – Deus me livre essas duas tranqueiras engravidarem, a moça da loja de roupas ficou com elas quando castradas e me devolveu depois de semanas… Amo essas tranqueiras, disse.
Assim que terminam de comer, a Branca lambe minhas mãos ou quando estou distraída lambe meus pés em agradecimento, a Laila sai latindo, parece agradecer também.
Dona Luzia pergunta quanto me deve, e eu sempre digo que não é nada, ela então esboça um abraço meio sem jeito e um muito obrigado baixinho, e ouvi de mim sempre a mesma frase;
– Eu que agradeço Dona Luzia, por cuidar tão bem dessas duas tranqueiras e protegê-las como filhas, eu que agradeço.
E assim acontece todos os dias, para alegrias delas, e para a minha total felicidade.