Um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), na Canadá, envolvendo mais de 220 pesquisadores, 163 espécies de mamíferos e 5 mil armadilhas fotográficas em todo o mundo, revelou que os animais silvestres reagem de maneira diferente aos humanos dependendo de onde vivem e do que se alimentam.
Animais que vivem próximos a áreas habitadas por pessoas, como veados ou guaxinins, tornam-se mais ativos ao redor das pessoas, à medida que se acostumam com a presença humana e encontram alimentos como lixo ou plantas, que podem acessar durante a noite. Mas os animais que vivem mais longe das cidades e outras áreas desenvolvidas, como lobos, são mais cautelosos ao encontrar pessoas.
Durante a pandemia, os animais silvestres mostraram comportamentos diferentes em relação aos humanos, refletindo as mudanças nos níveis de atividade humana. “As restrições de mobilidade da COVID-19 deram aos pesquisadores uma oportunidade verdadeiramente única de estudar como os animais responderam quando o número de pessoas compartilhando sua paisagem mudou drasticamente em um período relativamente curto”, disse o autor principal, Dr. Cole Burton, professor associado de manejo de recursos florestais na UBC e titular da Cadeira de Pesquisa do Canadá em Conservação de Mamíferos Terrestres.
As descobertas destacam a importância de medidas para minimizar os efeitos negativos da perturbação humana na vida selvagem, incluindo a redução de sobreposições que possam levar a conflitos. “Em áreas remotas com infraestrutura humana limitada, os efeitos de nossa presença real na vida selvagem podem ser particularmente fortes”, disse a coautora do estudo e bióloga da UBC, Dra. Kaitlyn Gaynor.
As estratégias devem se adequar a espécies e locais específicos. Em áreas remotas, manter a atividade humana baixa será necessário para proteger espécies sensíveis. Em áreas onde pessoas e animais se sobrepõem mais, como cidades, a noite é um refúgio importante para a vida selvagem, e mantê-la assim pode ajudar as espécies a sobreviverem. Os esforços podem se concentrar em reduzir os conflitos entre humanos e animais após o anoitecer.
Essas descobertas são particularmente úteis no contexto do aumento das viagens globais e da recreação ao ar livre pós-pandemia, acrescentou o Dr. Burton.
“Compreender como a vida selvagem responde à atividade humana em diversos contextos nos ajuda a desenvolver planos de conservação eficazes que tenham impacto local e global. Por esse motivo, estamos trabalhando para melhorar os sistemas de monitoramento da vida selvagem usando ferramentas como as armadilhas fotográficas que tornaram possível observar os comportamentos dos animais durante a pandemia”, concluiu o professor.