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SOBREVIVÊNCIA 

Estudo mostra espécie de sapo que "avisa" predadores sobre seu veneno sem matá-los

O comportamento dos sapos inspirou especialistas a criar uma nova estratégia de proteção para algumas espécies 

14 de abril de 2024
Trinity Sparke*
2 min. de leitura
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Foto: C. Brück | Wikimedia Commons

Na década de 1930, sapos-de-açúcar foram introduzidos na Austrália com a promessa de resolver um problema de besouros para os agricultores de cana-de-açúcar. No entanto, esses sapos trouxeram consigo glândulas de veneno, que os tornaram petiscos fatais para predadores desprevenidos.

Ao longo dos anos, esses anfíbios causaram estragos nos ecossistemas da Austrália, impactando especialmente os predadores de topo como crocodilos e serpentes. As consequências da invasão dos sapos-de-açúcar se estendem muito além dos predadores individuais. Com menos predadores para controlá-los, animais menores como serpentes e lagartos se multiplicaram, perturbando o delicado equilíbrio da natureza.

No entanto, em meio a esse caos ecológico, uma descoberta intrigante foi feita. A Dra. Georgia Ward-Fear, uma bióloga da vida selvagem na Universidade Macquarie, na Austrália, descobriu que os jovens sapos-de-açúcar possuem veneno menos potente do que os adultos. Quando consumidos por predadores esses jovens sapos os deixam doentes, mas não fatalmente. Essa experiência negativa ensina os predadores a evitar os sapos-de-açúcar no futuro, um fenômeno chamado de “imunização ecológica”.

Aproveitando essa descoberta, Ward-Fear e sua equipe iniciaram a Coalizão dos Sapos-de-Açúcar que tinha como objetivo “imunizar” os predadores. Ao liberar centenas de jovens sapos antes da frente invasora, eles criaram mini-salas de aula para predadores locais, ensinando-os a evitar seus pares tóxicos. Os resultados foram notáveis. Nas áreas onde os jovens sapos foram liberados, as populações de predadores permaneceram estáveis ou até mesmo aumentaram, contrastando fortemente com declínios de até 94% em áreas não tratadas.

Essa abordagem inovadora marca uma mudança na estratégia de proteção. Em vez de se concentrar exclusivamente na erradicação de espécies invasoras, o foco agora está em ajudar a vida selvagem nativa a se adaptar e sobreviver ao lado dos invasores.

Apesar de seu sucesso, a estratégia tem limitações. É impraticável implantar “sapos professores” em toda a Austrália. No entanto, em áreas-chave, essa técnica poderia salvar populações vitais de predadores, potencialmente permitindo que eles repovoem áreas onde desapareceram.

*Texto traduzido de One Green Planet

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