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POLUIÇÃO 

Estudo mostra animais marinhos mais ameaçados pelos microplásticos

Pesquisadores foram surpreendidos quando descobriram que animais filtradores não são os mais afetados

25 de março de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Brocken Inaglory | Wikimedia Commons

Um estudo liderado pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, chamou atenção para as ameaças apresentadas pelos microplásticos a vida marinha, desafiando suposições anteriores e destacando a necessidade urgente de soluções abrangentes para esse tipo de poluição.

Microplásticos, fragmentos plásticos minúsculos menores que 5 milímetros, têm origem na decomposição de itens plásticos maiores e na fabricação deliberada para uso em cosméticos e produtos industriais. Ao contrário de materiais naturais, esses plásticos não se decompõem; eles apenas se fragmentam em pedaços menores, representando uma ameaça persistente aos ecossistemas marinhos.

Contrariando a expectativa de que os organismos filtradores seriam os mais afetados pela ingestão de microplásticos, o estudo revela que são os predadores, onívoros e necrófagos dos oceanos que estão mais em risco. Caranguejos, estrelas-do-mar, pepinos-do-mar e até lulas têm mais probabilidade de ter microplásticos em seus sistemas. Essa descoberta surpreendente sugere que os mecanismos de ingestão e expulsão dessas substâncias são mais complexos do que se pensava anteriormente.

O estudo também destaca a importância da localização na determinação do risco de exposição aos microplásticos, com animais em áreas altamente poluídas, como o Mediterrâneo e o Mar Amarelo, mostrando níveis elevados de ingestão de plástico. Essa variação geográfica nos níveis de poluição oferece novos insights sobre a distribuição global e o impacto dos resíduos plásticos.

As implicações dessas descobertas vão além da saúde imediata das espécies marinhas. Criaturas do leito marinho desempenham um papel crucial na reciclagem de nutrientes e formam a base da teia alimentar marinha. A ingestão de microplásticos por esses organismos pode ter efeitos cascata pelo ecossistema, potencialmente afetando a saúde geral do oceano.

Resolver essa questão requer uma abordagem multifacetada. A professora Tamara Galloway, da Universidade de Exeter, enfatiza a necessidade de reduzir drasticamente a produção de plástico, especialmente os plásticos de uso único. Embora ações individuais, como adotar itens reutilizáveis, sejam importantes, mudanças sistêmicas e melhorias na infraestrutura de gerenciamento de resíduos são cruciais para mitigar a maré de poluição plástica oceânica.

As descobertas, publicadas na revista Nature Communications, servem como um chamado à ação. Elas destacam a complexidade da questão da poluição por microplásticos e a importância da continuação da pesquisa e do desenvolvimento de políticas para proteger os oceanos e a miríade de vida que eles sustentam.

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