Um cientista espanhol e outro paraguaio apresentaram o estudo europeu mais completo e detalhado sobre o repertório de sons usados pelos golfinhos (Tursiops truncatus) para se comunicarem, revelando a complexidade de comunicação destes mamíferos marinhos.
Bruno Díaz López, autor do estudo, também faz parte do Instituto de Investigação de Golfinhos de Bottlenose (BDRI, nas siglas em inglês), com base da Sardenha, Itália, que na sua última investigação prova que os zumbidos são “vitais para a vida dos animais sociais e espelham o seu comportamento”.
A comunidade científica acreditava que os assobios eram os principais sons produzidos pelos golfinhos, sem dar a devida importância aos zumbidos emitidos.
A estudar a importância da acústica nos comportamentos desde 2004, Díaz López explica que, graças à comunicação, “os golfinhos interagem e mantêm a hierarquia social, a fim de evitar confronto físico e um consequente gasto energético desnecessário”.
Segundo o estudo, os sons mais melodiosos permitem que os golfinhos se mantenham em contato, especialmente as mães e as crias, e coordenem as estratégias de capturar uma presa. Por sua vez, os zumbidos, mais complexos e variados do que simples assobios, são utilizados pelo líder “para evitar confrontos entre a população e diminuir a competição”, explica o investigador do BDRI.
Assobios e zumbidos ilustram comportamento
Bruno Díaz López garante que “os diferentes tipos de sons podem ser relacionados com diferentes tipos de comportamento”.
Mais do que os assobios, são outros sons vocais, que se ouvem melhor, que são utilizados durante a caça ou em alturas de confronto, em que é necessário realçar a posição social ou hierárquica dos animais.
Por exemplo, quando os golfinhos estão na presença de outros que se deslocam para a mesma presa, os menos dominantes afastam-se a fim de evitarem confrontos.
O investigador espanhol explica ainda que, “ao contrário dos sons humanos, estes sons têm um elevado nível de unidirecionalidade. Um golfinho pode emitir um som para um concorrente e este sabe claramente que está sendo chamado”.
Fonte: Ciência Hoje