As filhas de Denise chegaram à casa dos 20 anos e ficarão alguns meses fora do Brasil. Nos encontramos em uma festa de aniversário e a pergunta foi inevitável: o que faremos para Annie não sentir falta das meninas?
Annie é uma cadela da raça spitz de três anos. Dorme e vive colada nas irmãs. Alguém acha mesmo possível que a cadela não sinta falta delas? O único caminho é começar a preparar a pequena, pensando em reduzir o impacto da separação.
Por quê? Nós fazemos tudo errado, começando pelo dia que escolhemos para levar o filhote para casa. Em geral, a adoção ocorre nas férias ou em um final de semana prolongado. Aí dedicamos todo nosso tempo à pequena criatura. A folga termina, saímos cedo para o trabalho e queremos que o cão entenda. Entender o quê? É natural que sozinho, carente e sem ocupação, ele passe a latir, fazer xixi no lugar errado, destruir móveis, parar de comer. A velha ansiedade de separação, em todas as suas formas.
No caso de Annie, o primeiro passo é fazê-la, desde já, dormir com Denise e o marido ou arrumar para ela um cantinho da casa. De preferência um em que ela tenha tirado, em algum momento, um cochilo durante o dia.
A segunda providência é deixar Annie só algumas horas do dia, se isso ainda não ocorre. A terceira: transferir das meninas para outra pessoa da casa as tarefas de dar atenção à cachorra, levá-la para o banho, colocá-la no colo na hora da televisão e passear com ela.
Sabendo que ficaremos longe, temos o impulso de dar atenção dobrada a eles na reta final antes da viagem. Não! O movimento deve ser o inverso, para que tenham mais facilidade de suportar nossa ausência.
Por fim, no dia da partida, não custa deixar uma peça de roupa usada com o animal. A ideia é que perceba o tutor por perto, já que o olfato é o principal sentido pelo qual os cães apreendem o mundo.
Com ajuda e preparo, eles podem ficar amuados no começo, mas superam. Assim como para humanos, para eles, tudo é uma questão de hábito.
Fonte: Folha de S. Paulo