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Espécies migram para acompanhar mudança climática

24 de dezembro de 2009
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Imagem: Jaipal Singh/EFE
Imagem: Jaipal Singh/EFE

Diversos ecossistemas da Terra, com todas as suas plantas e animais, terão de se deslocar cerca de 42 km quilômetros por ano, em média, para acompanhar o ritmo da mudança climática global, disseram cientistas em um estudo divulgado nesta quarta-feira (23).

A possibilidade de sobrevivência de uma espécie a um aumento de temperatura no mundo – atribuído a níveis excessivos de calor, por conta da emissão de gases “efeito estufa” – depende da capacidade dos indivíduos de migrar ou adaptar-se a outro lugar.

Quanto mais as espécies individuais – de arbustos e árvores a insetos, aves ou mamíferos – precisarem se mudar para permanecer dentro de seu clima preferido, maior a chance de extinção.

O estudo sugere que os cientistas e os governos devem atualizar as estratégias de conservação de habitats, enfatizando os limites em torno de áreas ambientalmente sensíveis e restringindo as áreas de desenvolvimento dentro dessas fronteiras.

Um foco mais “dinâmico” deve ser colocado sobre o estabelecimento de corredores de fauna e vias de ligação entre habitats fragmentados, disse a coautora da pesquisa, Healy Hamilton, da Academia de Ciências da Califórnia. “As coisas estão em movimento, mais rápido do que prevíamos”, disse ela. “Esta taxa de mudança do clima projetada é o mesmo que um meteorito viajando em câmera lenta, em termos da velocidade em que ela está pedindo respostas de adaptação das espécies”, compara Healy.

A nova pesquisa sugere que os habitantes dos habitats das montanhas irão experimentar taxas mais lentas de mudança climática porque eles podem rastrear variações relativamente grandes de temperatura, movendo-se a uma curta distância para cima ou para baixo no declive. Assim, as paisagens de montanha “podem, efetivamente, servir de abrigo para muitas espécies para o próximo século”, escreveram os cientistas no estudo, publicado na edição desta quinta-feira da revista Nature. Isso é especialmente importante para espécies de plantas, que devido a seu enraizamento na terra não podem migrar no ritmo dos animais em resposta a alterações de habitat.

As alterações climáticas serão sentidas mais rapidamente pelos habitantes das paisagens das grandes planícies, tais como manguezais e pradarias de pastagem, onde a taxa de aquecimento pode dobrar a média de migração de 42 km ao ano calculada para os ecossistemas em geral. Quase um terço dos habitats estudados experimentam taxas de mudança de clima superiores à estimativa de migração mais otimista contida no relatório.

Desertos da planície estão igualmente sujeitos a uma maior velocidade das alterações climáticas. Em contrapartida, a maior parte dos habitats florestais e das pastagens do mundo já foi severamente fragmentada pela ação humana, tornando a mitigação das alterações climáticas mais difíceis e deixando suas espécies mais vulneráveis.

As velocidades de traçado no relatório foram baseadas no grau intermediário de emissões de gases de efeito de estufa projetadas para o próximo século pelo Painel Intergovernamental do Clima da ONU (IPCC).

Fonte: Estadão

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