(da Redação)
O ano de 2010 já registra 54 ocorrências de encalhes de baleias jubarte no Brasil, númro que supera em 30% o da temporada de 2007, quando ocorreram 41 encalhes da espécie no litoral brasileiro, índice considerado recorde até então. Os estados com maior número de ocorrências são a Bahia com 24 encalhes e o Espírito Santo com 19. O restante ficou distribuído em locais como: Rio Grande do Norte (2), Ceará (1), Alagoas (2), Sergipe (1), Rio de Janeiro (3); Paraná (1) e Rio Grande do Sul (1). De acordo com o Coordenador de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, o médico veterinário Milton Marcondes, a expectativa é que sejam mais de 65 casos de encalhes de jubartes até o final do ano, ou seja, mais que o dobro dos 30 registros de encalhes da espécie em 2009.
A população de baleias jubarte vem crescendo a um ritmo de 7% ao ano. A última estimativa, feita em 2008, era de cerca de 9.300 jubartes na costa brasileira. Os estados da Bahia e do Espírito Santo recebem mais de 80% de toda a população que vem ao Brasil para se reproduzir, deixando para trás as águas frias das regiões polares. De acordo com Marcondes, além do crescimento da população, diversos fatores podem contribuir para o crescimento da ocorrência de encalhe de jubartes no Brasil: “Ferimento por redes de pesca, choque contra embarcações, doenças, separação de filhotes de suas mães e problemas de falta de alimentação nas regiões polares são fatores que poderiam levar ao encalhe dos animais. Ainda estamos investigando os encalhes desta temporada,” afirma.
De acordo com um estudo do Instituto Baleia Jubarte, feito desde 2002, dos animais encalhados 60% são filhotes . Sobre os possíveis problemas de natureza nutricional, não se sabe até que ponto as mudanças climáticas globais poderiam afetar a disponibilidade do principal alimento das baleias jubartes, o krill, uma espécie de “camarão” minúsculo.
Quando expostas ao sol, as baleias encalhadas vivas – que são a menor parte – sofrem com queimaduras, com o aumento de temperatura e com o peso do corpo, que comprime pulmões e outros órgãos, comprometendo a circulação e a respiração do animal. O Instituto Baleia Jubarte resgata os animais na costa baiana e capixaba e conta com parcerias para ocorrências em outras partes do Brasil. O Programa de Resgate tem telefones celulares de emergência que funcionam 24 horas para atender os casos de encalhe. Os fixos funcionam em horário comercial.
A temporada
Entre os meses de julho e novembro milhares de jubartes deixam a região da Antártida, onde se alimentam, para virem se reproduzir no Brasil, mais precisamente no litoral baiano, por causa de sua plataforma continental mais larga e pelo calor de suas águas. A espécie fica nos mares brasileiros até novembro, quando retornam para a área as regiões polares, onde vão se alimentar para que possam, na próxima temporada, voltar fortes e nutridas para dar a luz em nossas águas.