Aproximadamente quatro milhões de hectares do ecossistema amazônico são desmatados ilegalmente todos os anos. Em grande parte, para plantação de soja – a ser exportada e usada como ração para animais explorados pela indústria da carne.
Duas empresas agropecuárias estadunidenses, Bunge e Cargill, contribuem de forma decisiva para que esses números sejam atingidos regularmente. Depois de anos juntando informações e documentos como provas contra as companhias, o Ibama pode, enfim, multá-las.
A ação batizada de “Operação Shoyo”, realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), está investigando todas as companhias que desmataram áreas embargadas do Cerrado para o plantio ilegal dos grãos.
Até agora, as empresas americanas devem pagar ao governo brasileiro R$ 5 milhões e R$ 1,8 milhão, respectivamente. Contando com os outros grandes nomes do agronegócio envolvidos, o valor das multas totalizam cerca de R$ 105,7 milhões – resultado da aplicação de 62 autos de infração.
A Bunge justificou suas ações alegando que, antes de mais nada, “consultou dados públicos sobre áreas banidas” e que em todos os locais em que atuou estava “alinhada com as melhores práticas.”
Em uma declaração à imprensa, o CEO da organização não-governamental Mighty Earth, Glenn Horowitz, ironiza a resposta dada pela empresa. “A Bunge se defende dizendo que pensou que a destruição dessas áreas era legalizada. O governo brasileiro claramente não concorda.” E completa, “mas se a Bunge desse o simples passo de banir todo desflorestamento em sua rede de fornecedores, eles não estariam encarando qualquer um desses riscos.”
Já passou da hora das empresas serem punidas de verdade pelas práticas ilegais na Amazônia, que estão acabando com o ecossistema, e levando muitas espécies à extinção.