As emissões de gases de efeito estufa no Brasil cresceram cerca de 9,5% em 2020. Devido ao aumento do desmatamento no ano passado no país, em especial na Amazônia. O Brasil está na contramão em relação ao resto do mundo que sofreu uma redução de 7% durante a pandemia de Covid-19.
Além de estar em desvantagem no Acordo de Paris, este é o maior montante de emissões desde 2006. Além disso, com o aumento da emissão dos gases e a queda de 4,1% no PIB, o país ficou mais pobre e poluiu ainda mais. As informações são do portal Vegazeta.
Segundo um estudo feito pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, calcula em 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) as emissões nacionais brutas no ano passado, contra 1,97 bilhão em 2019, sendo o maior nível de emissões de gases no país desde 2006. Estes dados são medidos todo ano pelo SEEG, sendo o órgão responsável por calcular o quanto o Brasil gera de poluição climática.
Foram medidos cinco setores da economia que são responsáveis pelas emissões no Brasil, dos quais três deles apresentaram alta, um teve queda e um permaneceu estável. O setor de energia foi o com a maior queda percentual e respondeu por 18% das emissões do país no ano passado, tendo uma queda de 4,6%.
Nos primeiros meses de pandemia de Covid-19 em 2020, houve uma redução no transporte de passageiros, na produção da indústria e na geração de eletricidade. Com 394 milhões de toneladas de CO2e, o setor energético retornou aos patamares de emissão de 2011.
“O setor de energia foi aquele que apresentou a maior queda percentual de emissões em 2020. Esse resultado é um claro reflexo da diminuição de atividades emissoras devido à pandemia de covid-19, quando foi necessário que as pessoas evitassem se deslocar. Destaca-se a diminuição de emissões nos transportes de passageiros. O consumo de combustível na aviação caiu pela metade. A demanda por gasolina e etanol também diminuiu de maneira relevante”, explica o pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Felipe Barcellos.
Agropecuária e o desmatamento
A agropecuária emitiu cerca de 577 milhões de toneladas de CO2e (de 27% do total nacional) em 2020, sofrendo um aumento de 2,5%. Sendo a maior taxa de emissões desde 2010, em um setor que está oscilando nos últimos anos. Além disso, o rebanho nacional cresceu cerca de três milhões, o que aumenta o chamado “arroto do boi”, ou seja, as emissões de metano por fermentação entérica.
“O setor agropecuário atingiu a maior emissão de gases de efeito estufa de todos os tempos, mesmo em ano de pandemia”, conta a responsável pelo cálculo das emissões da agropecuária, Renata Potenza, que é coordenadora de projetos do Imaflora.
De acordo com o levantamento do Observatório do Clima, somente na Amazônia, a emissão por alterações no uso do solo alcançou no ano passado 782 milhões de toneladas de CO2e.
Se considerássemos a floresta amazônica como um país, ela seria o nono maior emissor do mundo, à frente da Alemanha. Somente no Cerrado o número é de 113 milhões de toneladas de CO2e, onde os dois biomas emitem mais gases que o Irã onde seriam juntos o oitavo maior emissor de gases do mundo.