Alagoas registrou 178 encalhes de animais marinhos no primeiro quadrimestre deste ano, segundo dados do Instituto Biota de Conservação. Destes, 169 foram de tartarugas marinhas, oito de mamíferos aquáticos e apenas um de ave marinha.
De acordo com o instituto, a maioria dos encalhes tem sido registrada em Maceió, por ser a área mais urbanizada e, sendo assim, com mais ameaças antrópicas para os animais, bem com maior possibilidade de os animais que encalham nas praias serem encontrados por banhistas ou moradores.
Durante todo o ano de 2021, foram registrados 1.021 encalhes de animais marinhos. Destes, 30 mamíferos aquáticos (golfinhos, baleias e peixes-boi); 44 aves marinhas e 947 tartarugas marinhas.
Segundo o Biota, desde o início da atuação, em junho de 2019, até abril deste ano, foram contabilizados 5.844 encalhes de tartarugas marinhas e 241 encalhes de mamíferos aquáticos, sendo 227 cetáceos (golfinhos e baleias), 11 sirênios (peixe-boi-marinho) e três pinípedes (lobo-marinho-subantártico). Os encalhes de aves marinhas passaram a ser registrados em maio de 2018. Até abril deste ano, foram contabilizados 378 encalhes.
Entre os cetáceos, a espécie registrada com maior frequência é o Boto-cinza (Sotalia guianensis), com 112 registros. Trata-se de uma espécie de hábitos bastante costeiros, o que aumenta a chance de interagir negativamente com ameaças antrópicas, como pesca, colisão com embarcação e poluição, e vir a encalhar.
Além de Sotalia, as duas outras espécies mais comuns são o Golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) com 24 ocorrências, e a Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) com 22 ocorrências.
Já entre as tartarugas marinhas, a espécie mais frequente, com 4.068 registros, é a tartaruga-verde (Chelonia mydas), seguida pela Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) com 1.177, Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) com 172, tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) com 95 e tartaruga-de-couro (Dermocehlys coriacea) com apenas um registro.
Entre as aves marinhas, as espécies mais frequentes são a Pardela-de-bico-amarelo (Calonectris borealis) e a pardela-de-bico-preto (Ardenna gravis).
Instituto Biota contabiliza registro desde ano de 2018
Desde 2018, o Instituto Biota vem realizando, além do registro de encalhes, a necropsia dos animais marinhos, com o objetivo de reunir informações sobre o estado de saúde e as causas que levaram ao encalhe e à morte.
Entre 2018 e 2020, o Biota realizou a necropsia de 194 animais, sendo 90 mamíferos, 68 tartarugas e 36 aves marinhas. Os que não foram possíveis de necropsiar, devido ao avançado estado de decomposição, foram avaliados e enterrados na própria praia ou solicitado apoio para recolhimento com as prefeituras locais.
De acordo com o Biota, dos 90 mamíferos necropsiados, 50 apresentaram algum tipo de interação antrópica, ou seja, ações ocasionadas pelo ser humano, como emalhe em rede de pesca, traumas e mutilações. Entre as tartarugas necropsiadas, 14 apresentaram algum tipo de interação antrópica, como interação com rede de pesca e ingestão de lixo.
Já entre as aves marinhas necropsiadas, sete apresentaram algum tipo de interação antrópica, como a ingestão de lixo e de artefato de pesca (anzol).
Um caso emblemático de encalhe de baleia foi registrado em junho de 2020, na praia de Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio, Litoral Norte de Alagoas. Para conseguir reintroduzir o mamífero, de cerca de 13 metros, ao mar, uma verdadeira força-tarefa foi montada.
Além da equipe do Instituto Biota de Conservação, participaram dos trabalhos, 10 servidores da prefeitura da Barra de Santos Antônio, sete funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), uma pessoa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), com apoio da Marinha do Brasil e de populares que se voluntariaram a ajudar.
Mas, no dia seguinte, o animal, da espécie Baleia-fin, reapareceu morto em outro ponto da mesma praia.
Baleia-jubarte é encontrada morta em Jequiá
O Instituto Biota de Conservação registrou o primeiro encalhe de baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) deste ano em Alagoas, na noite da quarta-feira (24). O animal foi encontrado sem vida em Jequiá da Praia, Litoral Sul do estado.
Uma equipe do Instituto foi na quinta-feira (25) ao local para realizar a necropsia e tentar determinar a causa da morte. Segundo o Biota, as jubartes estão em período reprodutivo, sendo comum a presença na costa, entre os meses de julho e novembro.
De acordo com dados do Projeto Baleia Jubarte, esse é o 49° encalhe da espécie nessa temporada. Os outros encalhes foram registrados em: Rio Grande do Sul (3); Paraná (1); São Paulo (7); Rio de Janeiro (8); Espírito Santo (5); Bahia (19); Sergipe (1); Pernambuco (2); Paraíba (1); e Ceará (1).
IMA
Segundo o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo César, a maioria dos encalhes de animais marinhos é causada pelos ventos intensos e maiores alturas de ondas.
“A maior incidência de animais, aqui na nossa costa, tanto mortos como vivos, se dá muito em função dos ventos de inverno. Além disso, é bom ressaltar que, durante esse período de inverno, temos marés com maiores amplitudes, maiores ondas, marés de tempestade e tudo isso leva à morte e estresse desses animais que acabam chegando no nosso litoral”, explicou.
Fonte: Tribuna Hoje