Em 40 dias, 297 pinguins-de-Magalhães foram registrados nas praias de Florianópolis. O período coincide com a temporada da espécie na Capital, de acordo com a Associação R3 Animal, organização dedicada ao atendimento de animais silvestres. Desses, 279 estavam mortos quando foram encontrados.
O projeto destaca que, dos 18 pinguins resgatados vivos, apenas cinco resistiram e seguem em reabilitação no Centro de Pesquisa Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM) do R3 Animal.
“Infelizmente no exame de necropsia a maioria dos animais apresentam alterações compatíveis com afogamento por interação antrópica (captura não intencional por instrumentos de pesca – bycatch), além de sinais de desnutrição devido ao longo caminho percorrido durante a migração e falta de alimento neste período”, explica a médica veterinária Janaína Rocha Lorenço.
A maioria dos animais foi resgatada durante o monitoramento diário, realizado nas praias da faixa leste da Ilha. O restante foi capturado em outras localidades, após moradores acionarem o serviço.
Em um único dia, segundo o grupo, 41 pinguins foram vistos sem vida na Barra da Lagoa e na Praia do Moçambique (foto acima).
Atualmente, 10 pinguins estão em reabilitação no Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Florianópolis do R3 Animal. Os outros cinco ou são da temporada passada ou foram resgatados por outros grupos, que também compreendem o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Perfil
Os animais resgatados com vida, segundo a associação, geralmente são jovens, e encaram pela primeira vez a migração da Patagônia ao Litoral catarinense. Como são inexperientes, chegam exaustos e magros e, por isso, alguns não resistem.
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Balanço do ano
A R3 Animal também apurou que dos 513 animais marinhos encontrados nas praias de Florianópolis em 2022, 430 estavam mortos, número que corresponde a 83% do total de ocorrências. Os números foram atualizados em 5 de julho.
Segundo Cristiane Kolesnikovas, coordenadora do PMP-BS em Florianópolis e presidente da R3 Animal, a morte dos animais marinhos tem duas razões principais. Ela considera, primeiro, as ocorrências por causas naturais, doenças e aquelas relacionadas a efeitos climáticos. Um exemplo, segundo ela, são tornados, que levam mamíferos a encalhar na costa.
A segunda razão é a poluição humana, que integra as chamadas causas antrópicas.
“Nesse caso entram a poluição dos mares, resíduos sólidos, lixo que a gente encontra nos corpos desses animais e esgoto. A gente encontra, por exemplo, gaivotas intoxicadas, que tiveram contato com lixo contaminado”, detalha Kolesnikovas.
Fonte: G1