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CRISE CLIMÁTICA

Eliminação do carvão pode ser ponto de tensão na COP26

Com resistência de países como China e Índia, a fonte de energia causa fortes debates

20 de outubro de 2021
Carolina Rocha | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Pixabay

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) começará no fim deste mês (31/10). No entanto, a questão do uso do carvão para geração de energia no curto prazo gerou discordâncias entre os participantes e poderá afetar a cooperação internacional. Liderados pela China e Índia, diversos países resistem ao abandono da matéria-prima, enquanto europeus apoiam essa medida.

A reunião será realizada em um momento de tensão. O aumento dos preços da energia ressaltou a dependência europeia do gás natural russo e a falha da produção de energia renovável, e ocorreu devido a redução do investimento em combustíveis fósseis e temores de um aumento de demanda durante o inverno no Hemisfério Norte, Além disso, um relatório recente enfatizou a urgente necessidade de cortar emissões de gases estufa. Mas, ainda assim, as divergências podem impedir um acordo em Glasgow.

De acordo com o portal Valor, o G7 – coalizão das principais economias do mundo – concordou em junho em encerrar o apoio internacional às usinas de carvão sem redução de carbono. Já o Japão disse que mudaria suas políticas de financiamento de novas instalações de carvão no Sudeste Asiático. Ademais, o presidente chinês Xi Jinping prometeu a suspensão do apoio a projetos de novas usinas termelétricas a carvão no exterior na Assembléia Geral da ONU em setembro, mas sem se comprometer em relação ao uso interno.

No entanto, apesar dessas promessas, os apelos da ONU para o abandono do carvão tiveram menos apoio que o esperado. Durante as reuniões dos ministros da Energia e do Clima do G20 no final de julho, o pedido da Itália de eliminação do uso de carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis foi recebido com muita oposição.

A China, Índia, Brasil e Rússia são contra os apelos para eliminação total de carvão, se limitando ao apoio às reduções de emissões estufa. Segundo a Índia, emissões per capita deveriam ser consideradas nesse processo e tanto indianos quanto chineses concordam que os países industrializados devem liderar os cortes de emissões e apoiar os países menos desenvolvidos em seus esforços.

Outro ponto de desarmonia está na relação entre Japão e Europa. Tóquio ainda não se comprometeu com um prazo para eliminação do carvão, pois o ritmo do reinício das usinas nucleares e da implantação das energias renováveis é lento. A previsão é que o carvão ainda corresponda a cerca de 20% das fontes energéticas do país no ano fiscal de 2030.

Foto: Divulgação

Os acordos

O Acordo de Paris, assinado em 2012, visa limitar o aquecimento global a menos de 1,5I acima dos níveis pré-industriais. Para cumprir essa meta, um relatório da ONU mostrou que seria necessário que os países zerassem as emissões líquidas de carbono por volta de 2050, além de as reduzirem de 45% em relação aos níveis de 2010 até 2030. A reunião da COP26 é crucial para essa última meta, pois foca em planos de médio prazo.

O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, exigia que apenas as nações industrializadas se comprometessem a reduzir as emissões. Por causa disso, tanto os Estados Unidos e o Canadá não compactuaram com o protocolo – o primeiro em sua ratificação e o segundo mais tarde. Desde essa época, o crescimento econômico e industrial de países em desenvolvimento tornou a cooperação ampla mais essencial.

Em 2017, Donald Trump anunciou sua intenção de retirar os EUA do Acordo de Paris por considerar ele injusto, gerando temores de que esse terminaria em fracasso assim como o de Kyoto. Mas, com a administração Joe Biden, em voga desde 2020, colocou os EUA novamente como força motriz para a descarbonização, junto ao Reino Unido e à União Europeia.

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