Talvez você não tenha percebido, mas ao entrar na lanchonete, ele estava lá.
Acho realmente que você não percebeu, mas durante a escolha de seu lanche, ele estava lá.
Enquanto você comia em meio a conversas e risadas com amigos, do lado de fora em silencio e paciente ele ainda lá estava.
E ao te ver sair aparentemente satisfeito, ele esboçou balançar o rabo em sua direção e você de pronto disse meio que automático: – “passa!”.
Então ele se afastou e observou que você ainda continuava a rir com seus amigos, com falsa descontração e fingindo feliz.
Não ofertou a ele as sobras que na mão você carregava, não o acarinhou e ainda o enxotou; e não percebeu que alguém que saía também da lanchonete atrás de você, o alimentou, o afagou e com ele conversou.
A sorte dele, desse peludinho que habita as ruas, é que não precisa de pessoas como você, e o azar seu é que você ainda não percebeu o quanto necessita de seres como ele, para se tornar talvez uma pessoa melhor.