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BIODIVERSIDADE AMEAÇADA

É preciso mais energia na repressão ao tráfico de animais silvestres

25 de março de 2024
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

A prisão recente, no Rio, de três suspeitos de integrar uma quadrilha de tráfico de animais silvestres chama a atenção para a necessidade de reprimir com mais energia esse crime. Negócios antes fechados em feiras livres migraram para as redes sociais. É possível encomendar, às vezes para pronta entrega, macacos-pregos, répteis, aves e incontáveis outros animais. Em aplicativos de mensagem, uma iguana era ofertada por R$ 3 mil e uma arara-canindé por R$ 6 mil. O Brasil é dono de uma das maiores biodiversidades do planeta, por isso não pode haver leniência diante desse comércio ilegal.

Pelos dados do Ibama, apenas em 2022 foram resgatados 62,7 mil animais. Muito mais que isso deve ter passado ao largo dos controles. Um indicador sugere que esse mercado clandestino é maior: entre janeiro e outubro do ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou, no trecho paulista da Rodovia Fernão Dias, 1,3 mil animais silvestres, 257% a mais que os 364 recuperados no mesmo período do ano anterior.

Entre os presos pela Polícia Federal na operação no Rio está o sargento do Corpo de Bombeiros Fabiano Gouveia Monteiro, acusado de ser o chefe da quadrilha. As investigações, iniciadas em janeiro do ano passado, partiram do resgate de dois macacos-pregos na casa da influenciadora digital Nicole Bahls, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. A documentação dos animais era falsa, produzida pela quadrilha do sargento.

É comum também serem falsificadas as anilhas presas ao pé das aves vendidas de forma legal e os microchips colocados em macacos que nascem em criadouros registrados. A quadrilha que acaba de ser desbaratada contava com a ajuda de servidores do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do Comando de Policiamento Ambiental (CPam). Reunia ainda uma universitária e dois médicos veterinários, caçadores e receptadores.

Todos a serviço de um negócio que retira da natureza brasileira aproximadamente 38 milhões de animais por ano, pelas estimativas da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). No ano passado, o GLOBO monitorou alguns desses grupos e registrou intensa negociação em torno da oferta de “documento de macaco”. Um dos negociadores dizia ter vendido “300 macacos” com papelada falsificada.

Na primavera, período de acasalamento para várias espécies, aumentam os alertas sobre o tráfico. Os traficantes aproveitam para roubar filhotes e até animais adultos, mais vulneráveis ao cuidar das crias. Seria a época ideal para reforçar campanhas de conscientização e denúncias. Mais do que coibir um negócio ilegal, combater o tráfico de animais é preservar a diversidade biológica do país.

Fonte: O Globo

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