Ter uma alimentação ética e saudável não é sinônimo de custos elevados. Com o aumento do número de pessoas que deixam de comer carne vermelha e branca, diversos restaurantes estão sendo criados especialmente para esse público, enquanto os tradicionais começaram a oferecer pratos mais baratos — a partir de R$ 9. E não só os vegetarianos que não comem carne, mas os vegans exigem um cardápio ainda mais peculiar, porque não consomem nenhum alimento de origem animal, como ovo, leite, mel e gordura. Para economizar, muitos deles optam por comer em casa e consumir mais legumes e frutas.
Enquanto um restaurante vegetariano self-service custa, em média, R$ 17, um prato feito em casa sai até pela metade do valor. Para Rita de Cássia de Aquino, professora de nutrição da Universidade São Judas Tadeu (USJT), o custo de vida de um vegan não precisa ser sempre tão elevado. “A dica é substituir e investir na diversidade de legumes. Para obter ferro, por exemplo, é bom comer bastante agrião e espinafre”, diz.
Prato econômico
Segundo a chef de cozinha Morena Leite, o hábito alimentar dos vegetarianos não custa caro. “Procuro sempre estudar a receita e passear pelas feiras livres para preparar um prato gostoso e econômico”, afirma, referindo-se ao prato dos vegans.
Atento ao crescimento desse público — que chega a subir 20% ao ano — o mercado oferece produtos personalizados para diversificar o cardápio, como leite de soja, bolo sem lactose, vegetais orgânicos, macarrão sem ovos e doce de leite sem leite. Por serem mais elaborados, custam até o dobro do valor dos produtos comuns. Um macarrão instantâneo comum, por exemplo, sai por R$ 0,89, o mesmo produto sem ovos custa até quatro vezes mais.
De acordo com Donato Ramos, diretor de marketing do Mundo Verde, franquia de lojas de alimentos naturais, apesar do alto valor dos produtos, é cada vez maior o número de consumidores que chegam às lojas em busca de um hábito alimentar mais saudável. “Há pessoas que não são vegetarianas, mas aderem ao costume quando descobrem os benefícios desses alimentos”.
Para Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o custo de vida dos vegetarianos e vegans é mais alto quanto mais eles diversificam os alimentos. “Eles consomem produtos orgânicos dependendo do poder aquisitivo.”
A publicitária Claudia Piazza, de 31 anos, sabe bem o que é comer um prato colorido e saudável. Ela é vegetariana desde os 15 anos. No seu cardápio as carnes vermelha e branca foram excluídas definitivamente. Entretanto, seus almoços de trabalho em um restaurante por quilo nunca saem por mais R$ 9. “As compras nos supermercados também raramente ultrapassam R$ 150 porque os vegetais são bem baratos”, diz.
O programador André Conde, de 26 anos, é vegetariano há dois anos. Acostumado a comer apenas em restaurantes, já chegou a gastar R$ 500 por mês só com almoços de trabalho. “Agora como pratos básicos e deixo os sofisticados para fazer em casa”, afirma.
Substitua alimentos mais caros
Substituir alimentos e comer em casa é a melhor maneira para os vegetarianos e vegans terem uma dieta saudável e para economizar. Enquanto um restaurante vegetariano self-service custa, em média, R$ 17, um prato feito em casa é até metade do valor. De acordo com Rita de Cássia de Aquino, professora de nutrição da Universidade São Judas Tadeu (USJT), o custo de vida de um vegan não precisa ser elevado. “A dica é substituir e investir na diversidade de legumes. Para obter ferro, por exemplo, é bom comer bastante agrião e espinafre”, diz.
Segundo a nutricionista, quem optar por não consumir nenhum tipo de carne precisa tomar cuidado para não ter problemas de saúde pela falta de vitaminas. “As pessoas precisam diversificar o cardápio ao máximo. Caso contrário, a solução é tomar vitaminas e suplementos alimentares”, aconselha.
Para a chef de cozinha Morena Leite, especialista no preparo de pratos saudáveis, o hábito alimentar dos vegetarianos não custa caro. A grande dificuldade está em cozinhar para os vegans, que não consomem ovos, mel, leite e manteiga de origem vegetal e, por isso, demandam uma receita mais elaborada. “Cozinhar para eles é quase uma religião. Preciso estudar a receita antes para preparar um prato gostoso e econômico ao mesmo tempo”, explica.
Arroz, feijão e legumes
Ainda que os produtos específicos para os vegetarianos e vegans sejam mais caros, consumi-los ou não é uma opção de cada pessoa. Ou seja, para economizar, basta comprar legumes e frutas, deixando de lado produtos caros, como doces sem leite, macarrão sem ovos etc. Além de difíceis de ser encontrados, eles custam até 100% mais que os produtos tradicionais.
Esse é o caso da universitária Natália Russo, de 21 anos. Vegan há seis anos, por filosofia e aversão ao consumo de carne, ela abre mão de comer em restaurantes para não gastar além do que o salário permite. “No meu prato há apenas arroz, feijão, salada e legumes. Raramente compro alimentos para vegans porque eles custam muito caro. Como fora de casa apenas uma vez por mês com a minha família”.
De acordo com a universitária, os restaurantes especializados em comidas veganas custam em torno de R$ 20, enquanto os comuns não passam de R$ 10 o prato. “Prefiro almoçar no bandejão da empresa para fazer o meu salário render mais no fim do mês”, explica ela.
Apaixonada por esse mundo verde, o hobby da universitária é frequentar as feiras semanalmente em busca de alimentos que possam variar os pratos. “O segredo para ser vegan e não gastar muito é descer do salto e ir às feiras. Fazer com que esse costume seja uma diversão”, aconselha a universitária.
Apesar de sua família não ser vegan como ela, todos tiveram que mudar os costumes alimentares da mesma forma que Natália. O queijo, por exemplo, é trocado por tofu na casa dela, uma vez que o leite é riscado da lista dos veganas por ser um derivado animal. Já os bolinhos de carne são substituídos por de soja, que, para ela, são ótimos. “Todos tiveram que se adaptar aos meus costumes aos poucos. O bom é que a gente adotou um hábito mais saudável”, comenta a universitária.
Fonte: O Diário de São Paulo