Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Os documentários políticos e sociais costumam ficar marcados pela agressividade e pela intensidade das cenas que mostram e dos casos que denunciam. Talvez essa seja uma diferença crucial dos documentários comuns na indústria cinematográfica e “The Ghosts in Our Machine”, dirigido por Liz Marshall.
Segundo Betsy Sharkey, para o L.A. Times, “The Ghosts in Our Machine” tem a vantagem de ser delicado e, ao mesmo tempo, esclarecedor. É uma reflexão sobre os direitos animais feita com o coração e que, ao invés de gritar aos ouvidos dos espectadores, sussurra. A força do documentário depende do poder de persuasão que o animais retratados, grandes e pequenos, em seu habitat natural ou em cativeiro, consigam ter para provar que a exploração de animais na indústria de alimentos, de roupas, de pesquisa e entretenimento deve parar.
A diretora demorou um ano seguindo a fotógrafa de animais Jo-Anne McArthur em de matadouros de minks e raposas, matadouros bovinos, rotas de tráfico de primatas. Um tempo igual também foi dedicado aos santuários, para mostrar o outro lado da relação entre humanos e animais.
Apesar de ser um documentário com algumas imagens fortes, “The Ghosts in Our Machine” é, segundo crítica de Betsy Sharkey, o caso de se apreciar a bela fotografia e deixá-la, mesmo na tristeza, convencer o espectador a mudar sua opinião sobre o abuso animal cotidiano. “um close nos olhos é muito efetivo, eles pertencendo a uma vaca, um beagle, um porco, ou qualquer animal que passa anos sendo colocado e retirado de uma mesa de operações ‘em nome da ciência’”, relata Sharkey.
Ao ser questionada sobre as diferenças de “The Ghosts in Our Machine” e “Earthling”, Jo-Anne McArthur em entrevista responde, “É claro que Ghosts é bem diferente. Mas ambos são filmes que esclarecem sobre o sofrimento animal e procuram movimentar mudanças. Ghosts é um filme mais direcionado para o mainstream, que pode ser reproduzido em cinemas populares e na televisão, que é um dos objetivos que pretendemos alcançar”.
Segundo Jo-Anne, “Eu sou uma contadora de histórias, eu compartilho histórias sobre animais – as boas e as ruins. Eu foco na vida individual dos animais, pois é assim que podemos ver que cada animal é um ser senciente, que cada um tem uma personalidade e vontade de viver. Em meus trabalhos e em minhas viagens, eu retrato a beleza e a tristeza, mas acima de tudo, a verdade sobre a exploração”.
“Nós precisamos olhar à frente de nossas zonas de conforto. Nós todos precisamos da cooperação de todos e a Terra precisa muito de nossa ajuda. Animais estão sofrendo em nossas mãos há bilhões de anos. Um bilhão é um número que não pode ser ‘sentido’, mas temos que lembrar que um bilhão é o mesmo que 1+1+1+1+1… Todos indivíduos, e se nossas vidas significam algo para nós, também significa para eles”, termina a fotógrafa.