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Doação de sangue canino ainda é pouco conhecida em Alagoas

9 de março de 2015
4 min. de leitura
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Luciana Beserra e Harsan. Ele foi o primeiro cachorro da designer a doar sangue (Foto: Arquivo Pessoal/ Luciana Beserra)
Luciana Beserra e Harsan. Ele foi o primeiro cachorro
da designer a doar sangue
(Foto: Arquivo Pessoal/ Luciana Beserra)

Quem cria um ou vários cães sabe o trabalho que dá quando algum deles fica doente. Dependendo da doença, o tratamento é rápido e em pouco tempo o animal já está pulando pela casa novamente. Alguns casos, porém, exigem maiores cuidados e podem trazer a necessidade de se fazer uma transfusão de sangue.

Assim como os seres humanos, os cachorros também podem doar sangue entre si. O problema, porém, é encontrar doadores.
A designer e professora universitária Luciana Beserra cria sete cães. Um deles, o labrador Harsan, hoje com 7 anos, foi o primeiro da “família” a se tornar doador de sangue. Como ele não pode mais fazer isso por causa da idade, a filha dele, Aisha, de 2 anos, assumiu o posto de doadora.

“Eu sou doadora de sangue há 15 anos. Há algum tempo vi um pedido de ajuda para doação de sangue para um cachorrinho que estava doente. Conversei com o veterinário dos meus cachorros para saber se havia algum risco e tirar dúvidas. Como não havia, acabei levando o Harsan para doar. Depois disso, levei ele muitas outras vezes”, conta Luciana.

Luciana afirma que, após esses procedimentos, ganhou confiança para buscar outras pessoas que se interessassem em ajudar também. Ela acabou se tornando uma defensora da causa, e buscou ajudar sempre que pode.

“As redes sociais têm sido de grande ajuda para encontrar doadores. Eu sempre procuro ajudar quando alguém pede ajuda com isso. Colaboro na busca por doadores, mas ainda há um grande desconhecimento por parte dos donos desses animais”, diz a designer.

Procedimento

A médica veterinária Lysanne Costa da Rocha Medeiros explica que o procedimento para a doação de sangue canino é simples, mas precisa seguir alguns pré-requisitos.

“Para doar, o animal precisa ter entre 1 e 8 anos, pesar mais de 27kg, estar com a saúde em dia e não ter nenhuma doença relacionada a carrapatos. Não há restrição de raça, mas animais de pequeno porte, pela questão do peso ideal, não podem ser doadores, e o doador não precisa estar em jejum”, afirma Lysanne.

O sangue nos cachorros é retirado diretamente da veia jugular, que passa pelo pescoço, ao contrário dos humanos, que doam o sangue retirado das veias que passam pelo braço. Os animais mais ariscos precisam de uma leve sedação antes do procedimento, para que não corram o risco de se machucarem.

“A cada doação, podemos retirar até 450ml de sangue, que depois passa por um hemograma completo com contagem de plaquetas. Os cachorros possuem 8 grupos sanguíneos, mas no Brasil a prática da tipagem sanguínea não é comum. Por isso, antes do início de cada transfusão, misturamos uma gota do sangue do doador com uma do receptor, para assegurar a compatibilidade”, conta a veterinária.

Reações adversas são raras nesse tipo de procedimento. De acordo com Lysanne Costa, o corpo do animal leva 20 dias para repor a quantidade de sangue retirada, e em 3 meses uma nova doação já pode ser feita.

Ajuda da tecnologia

Por abrigar uma grande quantidade de animais, o Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa) depende bastante da boa vontade dos donos para conseguir doações quando elas se fazem necessárias. As redes sociais têm sido de grande ajuda nessa busca.

A assessoria do Neafa explica que há um cadastro de pessoas que já colaboraram com doações anteriormente, mas quando os animais não podem doar, por terem feito isso pouco tempo antes, ou por estarem com a saúde debilitada, recorre-se a chamamentos nas redes sociais.

A ONG fechou uma parceria com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que possui um canil. Com a autorização do oficial que comanda o setor, os animais da polícia recebem atendimento gratuito no Neafa. Em troca, os cães policiais se tornam doadores sempre que há a necessidade.

Donos de cães que precisem da transfusão ou que se enquadrem no perfil de doação podem procurar a instituição. Ambos os procedimentos são feitos lá mesmo. O tutor do animal debilitado é instruído a comprar uma bolsa de coleta de sangue, que custa R$ 35.

Os interessados em saber mais como podem ajudar com a doação, ou aqueles que estiverem precisando da transfusão para seus animais, podem entrar em contato com o Neafa, através do telefone 3221-0193 ou na página da instituição nas redes sociais.

Fonte: G1

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