Mesmo que o Dia das Mães seja uma data comercial, com forte apelo consumista, ainda assim, carrega uma simbologia que remete à expressão do amor maior, tão singular e forte, que é o amor materno. Neste dia, a princípio, todas as famílias formalizarão uma troca de sentimentos que perpassa os demais dias do calendário. Filhos querendo manifestar os seus sentimentos e sua gratidão por tudo aquilo que as mães representam em suas vidas e estas exercendo com naturalidade os direitos que a vida lhe destinou, que são a gestação, o nascimento, a criação, a proteção e o carinho aos filhotes por ela gerados.
Mas toda essa força viva, traduzida nessas questões maternais inerentes às mães, é privilégio único da espécie humana? Claro que não! Todas as fêmeas de outras espécies também querem cumprir suas funções biológicas em relação à procriação. Elas também sentem os filhos se mexendo na barriga, preparam o ninho (bercinho) para melhor acolhê-los e protegê-los, enfrentam a dor do parto com angústia e emoção; aquecem e amamentam junto ao corpo suas dóceis e frágeis “crianças”; querem abraçar, beijar (lamber), ensinar, dar proteção e carinho até que os filhotes possam crescer, se desenvolver e enfrentar o mundo hostil. É bem provável que muitos já confirmaram essa situação através dos animais domesticados, como cães, gatos, cavalos e passarinhos.
Mas a grande questão é que, além daqueles animais que elegemos para servir de companhia e dar carinho, quase todas as demais espécies do mundo vertebrado almejam cumprir com zelo e eficiência os seus instintos maternos. Ovelhas, vacas, porcas e galinhas, por exemplo, têm todo o cuidado para preparar o local de parir, a fim de garantir maior conforto e segurança aos bebês. Infelizmente nos atuais sistemas de criação intensiva, não são dadas as condições naturais para que essas mães possam se reproduzir e criar seus filhos de acordo com as leis naturais.
Nas granjas modernas, verdadeiros campos de concentração, as porcas ficam presas em baias de ferro, nas quais mal podem se mexer, em cima de um piso frio de cimento, onde os filhotes apenas alcançam as tetas para mamar e após 10 dias são separados para a engorda, não sem antes ter os dentes e os rabinhos cortados, além dos testículos (os machos) arrancados sem anestesia. Os pintinhos nascem numa máquina chamada chocadeira, sem a segurança do ninho e muito menos o calor das asas de uma mãe, que na realidade são meras máquinas de botar ovos. Em função de ter suas vidas reduzidas a meras mercadorias, essas aves não podem ser ou ter mãe, pois, trancadas em minúsculas gaiolas, são impedidas de fazer ninhos, chocar os seus ovos, conviver com os irmãos de ninhada e trocar afeto mútuo. As vacas, estupradas por mãos humanas para serem inseminadas artificialmente, geram bezerros que serão retirados de sua convivência logo após os primeiros dias, gerando uma angústia tremenda, manifestada por berros lamuriantes. O aleitamento materno (humano), tão defendido em campanhas de saúde e qualidade de vida, não serve para os bezerros, que serão privados de receber o leite que lhes é natural (da sua espécie) para ser desviado ao consumo impróprio de humanos adultos.
Além das vidas sofridas e brutalmente interrompidas para virar capricho da gula humana, temos mães e filhotes sofrendo por privações em circos e zoológicos, torturas em laboratórios, ou morrendo para virar casaco ou troféu de caça.
Enfim, é necessário que mães e filhos humanos façam a conexão de seus hábitos egoístas de vida com as consequências nefastas para as vidas de outras mães e filhos não humanos! Daí, quem sabe um dia, poderemos comemorar, com a consciência tranquila e com plena felicidade, o dia de todas as mães.