Vários países celebram nesta quinta o Dia Sem Carne, um momento para refletir sobre a exploração dos animais e as consequências de uma alimentação carnívora para o meio ambiente. A data de 20 de março foi estabelecida nos Estados Unidos há quase 30 anos, em 1985.
A causa começou a ganhar força depois que as técnicas de criação e matança de gado, aves ou porcos passaram a ser mais difundidas. Em alguns países, como nos Estados Unidos, os bezerros chegam a ser amarrados logo após o nascimento para não desenvolverem os músculos e oferecerem uma carne mais macia.
Sensíveis ao sofrimento dos animais e ao uso de seres vivos para a satisfação humana, os militantes querem mostrar que a gastronomia baseada apenas em ingredientes vegetais também pode ser rica em nutrientes e saborosa ao paladar.
O evento acontece na França desde 2006, trazido pela International Campaigns “A minha principal motivação foi não ser mais cúmplice da maneira como os animais são tratados. E também aprendi que havia outras vantagens em não explorá-los, como desestimular a criação animal, que é uma fonte enorme de poluição, pela emissão de gases de efeito estufa e a poluição dos lençóis freáticos”, afirma o diretor da entidade no país, Eric Moreau. “Ou seja, há vantagens para todos e argumentos a mais para não participar da exploração dos animais.”
Distribuição de petiscos
Em cerca de 15 cidades francesas, as atividades de conscientização vão durar uma semana. Em plena rua, quitutes sem nenhum vestígio animal são distribuídos. O principal prato é um sanduíche de manteiga e presunto, um dos favoritos dos franceses, mas preparado com ingredientes vegetais.
O evento também é uma ocasião para explicar o modo de vida vegano, que exclui o uso de qualquer produto de origem animal, inclusive no vestuário ou nos móveis da casa. Moreau observa que a abertura para este mundo está cada vez maior entre os europeus, mas os preconceitos ainda são grandes.
“As coisas evoluíram muito positivamente em relação a 30 anos atrás. A sociedade era muito mais alienada, e era muito difícil de se assumir um modo de vida vegano. Mas a França ainda é um país que culturalmente não aceita bem a escolha de pessoas que decidiram ter um modo de vida com uma visão ética mais global”, lamenta.
Churrasco sem carne
No Brasil, e na terra do churrasco, a advogada gaúcha Terla Rodrigues, 32 anos, conta que se interessou pela causa durante a faculdade, ao estudar os direito animais. Desde então, nunca mais conseguiu olhar para um pedaço de carne da mesma maneira.
“Eu nunca tinha parado para pensar no sofrimento dos animais e na forma como eles eram tratados na indústria alimentícia. Aquilo me impactou de uma forma que eu não consegui mais não pensar nisso”, relata. “Eu tive alguns percalços, porque para mim foi bastante difícil. E agora estou tentando migrar para a dieta vegana, mas aqui no Rio Grande do Sul é tudo baseado em churrasco, em produtos de origem animal.”
Quase 10 anos depois, Terla até hoje sente saudades de consumir carne, mas contorna o desejo com produtos especializados que a façam lembrar do gosto dos antigos pratos preferidos. “A minha decisão foi parar de comer carne pelos animais, não por falta de vontade. Então procuro substitutos que tenham a mesma textura, ou um tempero. Descobri que, muitas vezes, o que gostava na carne era o tempero”, relata. “Hoje existem tipos de carne vegetal, salsicha vegetal. Portanto não me privo de um cachorro quente, mas ele é ligeiramente diferente.”
Para quem quiser tentar mudar de vida, na internet não faltam dicas de receitas: tem até pãozinho de queijo e brigadeiro vegano. Bon appétit!
Fonte: RFI Brasil