Tradução: Aderbal Torres
Ser um ativista dos direitos animais não é para as pessoas com um coração fraco. Vemos muita dor e sofrimento, e por isso temos compaixão pelos animais (que acreditamos terem a mesma habilidade em sentir emoções como nós). Este não é um caminho fácil emocionalmente falando. Advogamos em nome dos animais porque sabemos das injustiças contra esses seres vivos e queremos uma mudança. É fácil sentirmos sobrecarregados e deprimidos vendo imagens e lendo sobre abusos dos animais, sabendo que não podemos salvar cada um do sofrimento, do abuso e da morte. Às vezes, as situações que lemos ou vemos deprimem e nos deixam imobilizados. Outras vezes, a ira que sentimos nos motiva a agir, e isso é uma coisa boa. Compartilhamos as histórias e inspiramos aos outros a unirem-se conosco além de fazemos pressão nos abusadores ou nas autoridades, e sugerimos mudanças que beneficiem aos animais.
Por exemplo, recentemente, senti muita tristeza quando tomei conhecimento da morte, sem sentido, de Cecil, o leão. A história de Cecil foi amplamente divulgada pelos jornais e através das redes sociais, e cada vez que lia os detalhes, eu me sentia mais e mais deprimida. A verdade é que Cecil é UM entre os BILHÕES de animais que têm sofrido por causa das ações de nós seres humanos. Eu tive que parar e tomar uma decisão consciente sobre qual seria o meu foco: esperança ou desespero?
No meio de todos os tristes detalhes da história de Cecil, eu tive que focalizar na esperança. O que resultou de bom dessa situação tão triste é que cidadãos, em todo o mundo, expressaram tristeza e repugnância. A morte de Cecil gerou uma concordância entre as pessoas ecoando com a futilidade da caça. Muita gente falou disso e expressou tristeza e repúdio contra a caça. Muitos dos comentários eram de quem, normalmente, não fala nada sobre esse assunto. Vi muitas petições online para pressionar as companhias aéreas a pararem de transportar os animais mortos por caçadores. Em âmbito mundial, a morte de Cecil causou uma evolução de consciência.
Creio ser importante dedicarmos um momento e pararmos para relembrar nossas vitórias. Podemos nos concentrar no desespero ou podemos enfocar na esperança para ter uma mudança positiva. É normal compartilhar informação sobre todas as coisas que sabemos que acontecem com os animais. Sei que revelar o negativo é necessário, pois é a única maneira de acender uma luz no sofrimento que fica escondido aos olhos do público. Embora, para a nossa saúde emocional, seja importante escolher compartilhar também as histórias positivas que ajudam a curar os nossos corações e nos dar força para saber que o nosso ativismo importa, ainda que de maneira gradativa.
Quais vitórias você tem testemunhado com os seus amigos ou com sua família? sua ONG? sua comunidade? sua cidade? seu país? Quais mudanças você tem vivenciado desde quando começou neste caminho de ativismo dos direitos animais? Quais são os exemplos de evolução da consciência que estão ocorrendo agora?
Como ativistas dos direitos animais, fazemos muito para ajudar os animais. Compartilhar esperança e vitórias faz bem ao nosso coração e a nossa alma, e é o que devemos fazer para nós mesmos. Seremos muito melhores ativistas com esperança do que com desespero.