EnglishEspañolPortuguês

PROTEÇÃO DE BALEIAS

Designação de Dominica como primeiro santuário mundial de cachalotes pode ajudar a combater mudanças climáticas

14 de janeiro de 2024
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Canva Pro

Há uma razão para Dominica ser chamada de “Ilha da Natureza”. Exuberante e verdejante, é famosa pelas florestas tropicais e rios, pelas fontes de enxofre e cachoeiras. É possível se submergir na rica flora e fauna local, o que a torna um dos destinos de ecoturismo mais paradisíacos da região, e agora também recebe elogios por ter criado o primeiro santuário mundial para as baleias-cachalotes.

A pequena ilha caribenha de Dominica criou a primeira área marinha protegida para um dos maiores animais da Terra: a ameaçada baleia cachalote.

Segundo um relatório da Associated Press, é um avanço significativo a designação de quase 800 quilômetros quadrados (300 milhas quadradas) de oceano na área ocidental da ilha, onde a espécie ameaçada se alimenta e cuida de seus filhotes. Não só ajudaria a melhorar as possibilidades de reprodução e sobrevivência das baleias, como também contribuiria de modo significativo para combater os efeitos de mudanças climáticas.

Isto se deve a que as baleias-cachalotes, que podem chegar a ter 15 metros de comprimento, defecam próximo a superfície; todas as funções não vitais são supensas uma vez que entram em profundidades de até 3.000 metros, e o plâncton se beneficia imensamente das fezes ricas em nutrientes, o que aumenta sua população. Tais proliferações de plâncton capturam dióxido de carbono da atmosfera e, portanto, são soldados vitais na luta contra as mudanças climáticas. O papel de Dominica não pode ser subestimado, já que foi descoberto que as baleias-cachalotes, que vivem nas águas da ilha, defecam mais que outras baleias de outros lugares. Mais excremento significa mais plâncton, o que se traduz em mais CO2, gás do efeito estufa, absorvido.

O primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, que também preside a Comunidade do Caribe (CARICOM), até o final 2023, falou abertamente sobre os efeitos adversos da crise climática nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID). Em 2018, seu país foi destruído pelo furacão Maria, uma tempestade de categoria 5. Skerrit, junto com outros líderes regionais, deixou claro nas últimas conferências da COP que a criação de um Fundo de Perdas e Danos é imperativa. As nações insulares, como as do Caribe, que são as que menos contribuem com as emissões globais de gases do efeito estufa, estão na primeira linha de efeitos adversos da crise climática, já que são vulneráveis a tempestades e ao aumento do nível do mar, e suas economias não podem enfrentar as enormes perdas que vivenciadas por seus países.

Agora, o santuário de baleias-cachalotes de Dominica está fazendo sua parte para ajudar a neutralizar os efeitos adversos das mudanças climáticas. Estima-se que menos de 500 baleias cachalotes vivem nas águas de Dominica. É primordial protegê-las, uma vez que os jovens machos abandonam a manada em algum momento e as fêmeas geram, em geral, um único filhote a cada cinco ou sete anos.

A nova área protegida, que permitirá a pesca artesanal sustentável e delimitará uma rota internacional de navegação, ajudará a aumentar a população de baleias cachalotes ao reduzir o número de animais feridos ou mortos por barcos ou que ficam presos em redes de pesca. O governo planeja dar continuidade a área para assegurar que as regras sejam respeitadas e que as regulamentações turísticas relacionadas sejam cumpridas em relação à observação de baleias; os visitantes ainda poderão nadar com as baleias e observá-las dos barcos, mas em números limitados.

O anúncio, realizado em 13 de novembro, atraiu rápidamente a atenção internacional da mídia tradicional e das redes sociais.

No Facebook, o grupo Ocean Azores esperava que as autoridades de Dominica não permitissem que “ninguém nadasse com as baleias, já que pode perturbar os animais”, e se pergunta se as ilhas Açores poderiam seguir o exemplo da ilha caribenha e criar seu próprio santuário de baleias.

No Facebook, Isabella Askari disse que “é muito emocionante” ver “um país que defende a vida marinha”:

“[Dominica tem] regulamentos muito rígidos sobre o ecoturismo. Os cientistas e capitães locais conhecem muitas destas baleias pelo nome e inclusive podem dar detalhes de suas personalidades. São parte da comunidade e isso é perceptível. Dominica é um exemplo para o mundo e espero que outros comecem a aprender”.

Kelly Cromie acrescentou: “Feliz de saber que finalmente estão protegendo esses gigantes gentis!”.

O ambientalista de Trinidade, Ian Lambie compartilhou a boa notícia e alguns dados interesantes sobre as baleias-cachalotes, apontando que “Dominica tem a maior quantidade de grupos sociais acostumados a presença humana que oferecem interações excepcionais”. E acrescentou: “Parabéns ao governo de Dominica por esta iniciativa”.

Fonte: Global Voices

    Você viu?

    Ir para o topo