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Desencontro põe em risco projeto de castração em Cascavel (PR)

21 de outubro de 2015
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(Foto: Imagens Google)
(Foto: Imagens Google)

Desde março do ano passado, a população aguarda ansiosamente para que a lei de castração e microchipagem de animais saia do papel e chegue às ruas. Um processo licitatório chegou a ser realizado no mesmo ano, entretanto, o município resolveu cancelar a licitação porque não houve concorrência. A única empresa que entrou na disputa pediu um valor muito próximo ao valor máximo. A empresa entrou na justiça e, por isso, o município não pôde dar andamento ao processo enquanto a demanda judicial não fosse julgada. O município ganhou a disputa, que teve fim em setembro deste ano.

Como consequência um novo processo licitatório foi realizado e a clínica veterinária Clinivel, foi a vencedora com um valor que não chega à metade do valor máximo proposto. Aí a gente até acredita que dessa vez o projeto vai virar realidade. O problema é que a história não se resume a este parágrafo.

O problema está em uma questão básica, mas que, pelo visto não foi considerada pelo município no momento de elaborar o projeto. Para entender, a médica veterinária da Clinivel, Giovana Fagundes, explica como funciona a castração de um animal: “O animal vem no início da manhã em jejum e passa por uma avaliação. Se estiver tudo ‘ok’ com ele, é realizado o procedimento. Se não houver nenhuma intercorrência ele é liberado já no final da tarde ou no início da manhã”. Entretanto existe o tal “pós-operatório”, que é onde está o problema, já que o contrato que ainda será assinado entre clínica e município, prevê apenas a castração. No pós-operatório o animal precisa ficar sob cuidados especiais. Precisa de um lugar para ficar, precisa ser medicado. Os remédios serão adquiridos pelo município através de licitação, entretanto, Cascavel não possui um espaço para abrigar estes animais. Segundo o secretário de Saúde, Reginaldo Andrade, o município conta com o apoio das ONGs para isso. “Vamos contar com a parceria das ONGs para que elas fiquem com os animais, e a clínica atende se houver algum problema com o animal durante o pós-operatório”, disse. Só faltou uma coisinha: perguntar para as ONGs se elas conseguem absorver esta demanda. Afinal de contas, ao longo de um ano, serão 880 cães fêmeas, 430 cães machos, 240 gatos fêmeas e 240 gatos machos. Isso significa que, por mês, aproximadamente 150 animais precisarão de um local para se recuperar da cirurgia.

“O Secretário não entrou em contato com a Sou Amigo (com as outras acredito que também não) sobre esse trabalho no pós-operatório. Até porque, obviamente, não temos como assumir essa responsabilidade. Desde o início das conversas sobre esse projeto de castração, comentamos que o foco inicial deveriam ser os animais de famílias de baixa renda, pois sem a castração destes, o trabalho das ONGs e protetores é enxugar gelo. Até porque, sendo estes animais o foco inicial, não precisaria o secretário preocupar-se com o local do pós-operatório, visto que, após a alta da clínica, eles voltariam para a casa de suas famílias, com as recomendações de cuidados feitas pelo veterinário”, destacou a voluntária da ONG Sou Amigo, EvelynePaludo. Todavia, quando questionado sobre quais animais seriam castrados, Reginaldo enfatizou que a “baixa renda” não seria um critério exclusivo. “Existem vários critérios na lei. O foco será em cães agressores, passivos de raiva, cães abandonados, que possuem maior vulnerabilidade às doenças”, disse. Segundo ele, o foco será nos animais que possam oferecer riscos à saúde da população. “O bem estar animal é responsabilidade de outro setor”, disse.

Para Evelyne, se as ONGs tivessem sido mais ouvidas, certos equívocos seriam evitados. “Da forma como o Secretário está dizendo que fará, me parece que é pra inviabilizar o projeto, colocando a “culpa”nas ONGs que não querem assumir a demanda do pós-operatório, pois é de conhecimento de todos que as ONGs que tem canil estão superlotadas, e a ONG Sou Amigo trabalha apenas com lares temporários”, destacou.

Fonte: CGN

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