A retirada das capivaras da orla da Lagoa da Pampulha teve resultado trágico para os animais. Das 52 capturadas em setembro de 2014, 38 morreram no cativeiro, o que representa 73% do total. A retirada dos animais de seu habitat foi feita pela empresa Equalis Ambiental Ltda, contratada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para diminuir as chances de transmissão de febre maculosa, já que parte das capivaras que ficavam na orla da lagoa estava infectada com o carrapato-estrela, contaminado pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da doença. Na sexta-feira, 14 capivaras sobreviventes foram soltas e, de acordo com a Fundação Zoo-Botânica de BH, nenhuma apresentava o carrapato portador da bactéria.
Na sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais conseguiu a revogação da liminar que impedia que as capivaras mantidas em cativeiro fossem soltas na orla da lagoa. A liminar havia sido concedida em uma ação ordinária da PBH contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Segundo o MPF, na sentença, a Justiça Federal destacou que “a captura e a manutenção desses animais em cativeiro, sem um plano de manejo adequado, representa ofensa a um bem protegido por lei.(…) Antes de representar uma solução para um problema ambiental antigo, revela-se desencadeador de outro mais grave e imediato”.
Ainda de acordo com o órgão, um laudo técnico veterinário da Fundação Zoo-Botânica de BH comprovou que os animais viviam em péssimas condições ambientais. Informou ainda que elas atravessavam a terceira e última fase da chamada Síndrome Geral de Adaptação, causada por estresse crônico do cativeiro e que leva a esgotamento físico e psicológico. Segundo com a Fundação, as 52 capivaras foram levadas para duas áreas protegidas no Parque Ecológico da Pampulha, onde recebiam alimentação e tratamento veterinário, de acordo com suas necessidades.
Ao explicar as razões das mortes dos animais, a Fundação informou que as capivaras capturadas eram animais de vida livre, que deveriam ficar presas por um período curto de tempo. “No entanto, devido à questão da possibilidade de contaminação pela bactéria da febre maculosa, elas tiveram que ficar presas um tempo maior e não se adaptaram, ficando estressadas, o que culminou no óbito”, informou o órgão por meio de nota.
“(A captura) Foi uma decisão política e cruel que levou à morte lenta e dolorosa das capivaras”, lamenta o veterinário Leonardo Maciel, especialista em animais silvestres e presidente da Associação Bichos Gerais. Maciel considera que a morte das capivaras pode ser considerada um crime ecológico, mas acredita que dificilmente os responsáveis serão punidos. O veterinário pondera que a PBH foi alertada por especialistas de que a operação não teria benefício para a saúde pública.
Fonte: Estados Minas