Um projeto de complexo turístico de proporções gigantescas ameaça a reserva natural do lago Qarun, no oásis de Al Fayoum, ao sul do Cairo, onde vivem milhares de aves e se encontram fósseis e jazidas arqueológicas ainda não estudados. O lago até recentemente era mantido virtualmente intocado, apesar de ficar apenas a 70 km da capital Cairo.
Um mês antes do início dos protestos que derrubaram o presidente Hosni Mubarak, o governo egípcio delimitou um área de 2,8 quilômetros quadrados da reserva e fez uma concessão para o Grupo Amer para a construção de um resort turístico.
Desde que Mubarak foi deposto, três ministros do país que aprovaram a venda foram presos e enfrentam acusações de corrupção por casos não relacionados com a negociação com o grupo.
“Pode acontecer qualquer coisa, há muita incerteza agora no Egito”, afirmou à Agência EFE a ativista da organização Conservação da Natureza do Egito (CNE) Rebecca Porteous.
Ainda assim, Porteous lamentou a construção de uma estrada que ligará o Cairo ao lago Qarun e que, no futuro, permitirá o acesso ao gigantesco complexo turístico no qual está prevista a construção de hotéis com um total de 12 mil quartos e outros tantos chalés.
Os arredores do lago Qarun foram pouco explorados e escondem uma jazida com fósseis de até 40 milhões de anos de antiguidade, onde foram descobertos os restos do macaco registrado como o mais antigo do mundo, assim como o de elefantes, pássaros e inclusive tubarões, golfinhos e cavalos-marinhos.
Além disso, várias espécies de pássaros vivem nos pantanais do lago, onde não é raro ver flamingos, águias, falcões, cisnes e patos, além de aves migratórias.
Os ativistas alertam para o estado de deterioração do lago, onde desembocam águas e esgoto das cidades vizinhas, e denunciam a falta de fundos do Ministério do Meio Ambiente para a proteção de áreas como a floresta petrificada.
Com informações do IG