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Como um ataque cardíaco transformou um fazendeiro em um ativista vegano

7 de janeiro de 2017
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Independent
Foto: Independent

Como um fazendeiro da quinta geração de uma família que explora vacas, Harold Brown é a última pessoa que você imaginaria que fosse se tornar um dedicado ativista vegano, mas ele discorda.

O processo de castração dos animais e um ataque cardíaco provocado pelo consumo de muita carne e laticínios quando era um adolescente só fez com que a decisão ficasse mais fácil.

Em 2015, a popularidade do veganismo no mundo ocidental só aumentou e as pessoas mudam seus estilos de vida para não financiar a crueldade e também em busca de benefícios à saúde.

Em 2015, o Reino Unido viu um aumento de 360% no número de veganos. Este ano, um estudo da Universidade de Oxford sugeriu que milhões de vidas poderiam ser salvas anualmente até 2050 se as pessoas adotarem dietas veganas.

A pequena fazenda familiar em que Brown cresceu criava alguns coelhos, cabras leiteiras, vacas e porcos. “Quando se nasce na agropecuária, há uma doutrinação que começa desde o início. Fui ensinado por minha família que os animais estavam aqui para nosso uso. Eram coisas de utilidade, de comércio”, disse.

Essas mensagens foram reforçadas pela igreja e, claro, pela cultura pop. “Notei que, em cada intervalo comercial, havia pelo menos um anúncio que estava vendendo um ou mais produtos de origem animal. Parecia óbvio que estávamos fazendo um bom trabalho alimentando um mundo faminto”, relatou.

Porém, o sistema de crenças de Brown foi profundamente abalado quando ele sofreu um ataque cardíaco aos 18 anos. “Eu estava em casa sozinho cuidando da fazenda. Não sabia os sintomas de um ataque cardíaco e uma vez que a dor excruciante deixou-me e eu consegui respirar novamente fiquei sem chão. Acredito que, aos 18 anos, todos pensamos que somos à prova de balas”, adicionou.

Anos mais tarde, enquanto trabalhava em uma fábrica de processamento de leite, Brown foi ferido e um médico descobriu a partir de seu exame de sangue que sua família tinha problemas cardíacos. Sua dieta era muito alta em triglicérides – encontrados em carnes, laticínios e óleo de cozinha.

“Meu pai passou por duas operações de coração e um derrame que o deixou sem fala. Quando o estresse se tornou demais, nos mudamos para Cleveland, Ohio (EUA). Este é o lugar onde a minha educação e início em uma dieta baseada em vegetais começaram. Em suma, eu reverti minha doença cardíaca”, disse Brown.

Apesar de seu compromisso com o veganismo, ele admite que demorou algum tempo para mudar suas atitudes. Foi sua saúde que o levou a adotar uma dieta vegetal, a ética e moralidade vieram mais tarde.

A mudança mais profunda de Brown foi começar a entender os animais como “indivíduos”: “Esta foi uma experiência visceral. Percebi que eles têm laços familiares; Eles anseiam por segurança, experimentam a felicidade”.

Este processo também envolveu uma mudança no comportamento Brown, que percebeu que a exploração de animais o tinha tornado emocionalmente distante. Como resultado, ele acredita que o veganismo o tornou mais compassivo em todos os aspectos de sua vida.

“É estranho como nós, como seres humanos, temos uma profunda capacidade de afastar os olhos do óbvio que está à vista. Sempre que eu tinha que fazer algo que eu não queria como castrações e matar, dizia a mim mesmo que não me importava. Era um trabalho que tinha que ser feito. Em outras palavras, deixei de me preocupar com os animais de qualquer forma significativa e me concentrei na recompensa gustativa e no ganho financeiro”, esclareceu.

“Uma vez que despertei, percebi que nunca poderia usar essa frase novamente, eu me importo. Junto com isso, aprendi que a empatia e a compaixão não são condicionais. Quando tornamos a compaixão e a empatia condicionais somos desfavorecidos”, disse.

Talvez não seja surpresa que a história de Brown sobre um fazendeiro rural que se transformou em um ativista vegano seja curiosa. Alguns até o enxergam como um “problema”.

“Somos agora uma geração completa que abandonou o estilo de vida agrário e os comerciantes do agronegócio compreendem que, quando os consumidores pensam sobre animais explorados, o único contexto que têm é animais domésticos companheiros, na maior parte gatos e cães. Este é um grande problema para os criadores de animais porque eles sabem que os consumidores acabarão por antropomorfizar bois, porcos, galinhas, ovelhas assim como gatos e cães “, ressaltou.

Esta luta levou Brown a ter uma visão interseccional do mundo e o veganismo é uma faceta disso. “O veganismo é uma maneira moral e ética de viver no mundo no qual entendo as relações de intersecção como todas as formas de opressão e exploração. Muitas pessoas pensam que os veganos só se preocupam com os animais, o que é o mais distante da realidade estamos preocupados com os direitos das mulheres, direitos ambientais, o racismo, o fanatismo e a intolerância”, argumentou.

Embora o ex-fazendeiro seja um ativista comprometido, ele sabe que as pessoas não vão mudar de ideia a menos que queiram e não estão interessadas em discursos: “Desafio as pessoas a fazer sua própria lição de casa”, concluiu ele, de acordo com o Independent.

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