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SUPERLOTAÇÃO

Com o aumento da temperatura, nascem mais gatinhos e número de bebês preocupa abrigos

29 de março de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Gatos aproveitam os meses mais quentes do ano para procriar. A questão que vem se colocando, segundo especialistas, é que, com a influência da mudança climática, os períodos de temperaturas baixas estão se encurtando em muitos locais do globo. Uma “temporada de gatinhos” estendida preocupa abrigos de proteção aos animais nos Estados Unidos, que vêem o trabalho aumentar a cada ano, segundo reportagem do portal Grist.

“O nível de emoções durante meses a fio é tão desgastante”, afirma Ann Dunn, diretora do Oakland Animal Services, um abrigo de São Francisco. “E a cada ano sabemos que vai ficar mais difícil.”

Abrigos como o de Ann fazem iniciativas regulares de castração de animais de rua, justamente para evitar uma disseminação massiva de felinos nas áreas urbanas. O que vem ocorrendo, segundo ela, é que gatas estão ficando prenhas em meses do ano em que isso não costumava acontecer anteriormente.

Em fevereiro, Ann e sua equipe organizaram esterilização e castração de gatos ao ar livre. Embora a temporada de gatinhos no norte da Califórnia normalmente não comece antes de maio, os organizadores descobriram que mais da metade das gatas já estavam gestando crias. “É assustador”, afirma a diretora. “Continua começando mais cedo e terminando mais tarde.”

Gatas podem entrar no cio várias vezes por ano, com cada ciclo durando até duas semanas, mas os nascimentos normalmente aumentam entre os meses de abril e outubro, observam especialistas. Embora se saiba que o prolongamento da luz do dia “impulsiona” o cio desses felinos, o efeito do aumento da temperatura na temporada dos gatinhos ainda não é compreendido, coloca a reportagem.

“Nenhum animal se reproduzirá a menos que consiga sobreviver”, afirma Christopher Lepczyk, ecologista da Universidade de Auburn e pesquisador de gatos, em entrevista ao Grist. A oferta de alimentos para gatos ao ar livre também pode estar aumentando, já que algumas presas, como pequenos roedores, podem ter aumentos populacionais em climas mais quentes. Os gatinhos também podem ter maior probabilidade de sobreviver à medida que os invernos se tornam menos rigorosos. “Eu diria que a temperatura realmente importa”, disse ele.

Já Peter J. Wolf, estrategista sênior da Best Friends Animal Society, acha que o aumento se resume à visibilidade e não a algo biológico. À medida que o tempo esquenta, Wolf disse que as pessoas podem sair mais e notar os gatinhos no início do ano do que antes. Em seguida, eles os levam para abrigos, fazendo com que os grupos de resgate sintam que a temporada dos gatinhos está começando mais cedo.

Por terem sido domesticados, gatos normalmente não são vistos por humanos como uma ameaça, mas estes animais podem ter grande impacto sobre a biodiversidade onde estão inseridos, sendo capazes de dizimar a população de outro animal que sirva como alimento, alerta o ecologista.

A questão segue sob discussão. De um lado, há opiniões favoráveis à caça controlada dos gatos, para equilíbrio populacional, como ocorre com espécies consideradas invasoras. De outro, existe a defesa das iniciativas de esterilização feitas por abrigos especializados, como o de Ann.

“Não importa qual técnica você use, se você não interromper o fluxo de novos gatos na paisagem, isso não terá importância”, defende Lepczyk. Enquanto isso, abrigos lutam para que os estoques de remédios e insumos acompanhe o ritmo da temporada de gatinhos. “Estamos dando tudo o que temos.”

Fonte: Um Só Planeta

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