O gato Lelo está à procura de um novo lar. Seria uma história comum de mais um gatinho abandonado e sem casa não fossem os livros, a biblioteca, o amor dos humanos e a incrível vocação do Lelo para unir as pessoas em torno de uma causa comum: o bem-estar dos animais domésticos.
Divulgação
Lelo, o ‘gato leitor’, como é conhecido pela internet afora, já foi alvo de um humano típico vilão daqueles que se dão mal no final, que ‘denunciou’ o bichano que morava na biblioteca municipal Iracema Elias, em Guaxupé, cidade do sul de Minas Gerais.
Logo após a denúncia, a prefeitura da cidade proibiu a permanência do felino na biblioteca. Mas foi por pouco tempo. Bastou a notícia se espalhar que uma rede de humanos do bem logo se mobilizasse com abaixo-assinados, petições e muita indignação para que o Lelo pudesse ser enquadrado na lei que protege os animais chamados comunitários (aqueles que vivem em órgãos ou repartições públicas e recebem cuidados dos humanos que frequentam ou trabalham nestes locais). Resultado: o Lelo voltou para a casa dos livros.
Aliás, não há nada que ele goste mais do que livros, pessoas, cafunés, cochilos no meio da tarde, banhos de sol e a rotina de skin care com escovações suaves e macias. Há alguns anos – com o breve intervalo do episódio da denúncia – que a vida desse felininho ruivo de olhos verdes brilhantes andava bem boa com tudo isso.
Eis que agora, em mais um plot twist na vida do gatinho literário, a biblioteca vai mudar de endereço e o novo local não tem condições de abrigar o bichinho – trata-se de um prédio comercial onde funcionam outros departamentos da prefeitura de Guaxupé.
Calma, Lelo! Depois do baque inicial da notícia que ninguém queria ter ouvido, uma nova corrente do bem já começou a se articular para que o gatinho encontre uma família amorosa e cheia de vontade de fazer tudo dar certo desde a adaptação do Lelo a um novo mundo, desta vez sem acesso à rua.
A ideia dos humanos, como explica a supervisora de redação Isabelle Simões de Souza, 33 anos, responsável pela rede social do Lelo, é encontrar um lar fixo com uma família que cuide do gatinho em sua ‘aposentadoria’. Como ele tem a idade estimada de 10 anos, já é considerado um idosinho e, na avaliação dos humanos, uma adoção seria a melhor opção para que ele não fique à mercê dos perigos e incertezas das ruas.
Para isso, criaram no perfil do Lelo no Instagram, além de uma campanha completa explicando a história dele, a mudança da biblioteca e a busca por uma família, um formulário completo para encontrar o tutor perfeito para o ‘gatinho leitor’. Entre as exigências estão ter uma casa completamente telada sem possibilidade de fugas, não ter cachorro (porque o Lelo tem um medinho dos amidogs) e, óbvio, gostar muito de gatinhos e estar disposto a trabalhar com fé e paciência na adaptação do Lelo ao novo lar.
“Os principais cuidados que queremos tomar na seleção dos candidatos é se a pessoa de fato entende a história do Lelo, sabe a trajetória dele, do histórico de abandono e da necessidade de oferecer um local seguro para ele, adaptado com telas de proteção para que ele não tenha acesso à rua e preferencialmente que a pessoa não tenha outros animais, ou só um gatinho mais sociável que aceite um amigo”, diz Isabelle.
O Rodrigo Ferreira, 41 anos, irmão da Isabelle, é o assistente de biblioteca e atual tutor do Lelo. É ao Rodrigo que o Lelo se refere quando fala do ‘moço alto careca’ que o chamou com um pote de ração nas mãos há cinco anos, na primeira vez em que ele entrou na biblioteca.
No episódio da denúncia, Rodrigo bem que tentou ficar com o Lelo definitivamente em sua casa, mas o gatinho não se adaptou ao local onde também moram outros felinos. O moço é quem continua visitando o Lelo e o alimentando diariamente na casa onde já não é mais a biblioteca, mas continua sendo a casa do ‘gatinho leitor’.
O que o moço careca espera da nova família do Lelo? “Que dê a ele a atenção, o carinho e o cuidado que ele sempre mereceu, a paciência de que ele precisa para se adaptar ao novo lar, e conforto para que ele tenha uma vida tranquila daqui pra frente, para que ele nunca mais tenha que lidar com o abandono”.
Ainda jovenzinho, Lelo tinha uma família que morava nas redondezas da biblioteca. Os humanos, porém, mudaram-se de cidade e deixaram o gato para trás. Foi a primeira vez em que o bichano conheceu o abandono.
Por enquanto, Lelo mora provisoriamente na casa vizinha à agora ex-biblioteca, por onde ainda tem acesso ao quintal da antiga casa e onde Rodrigo segue alimentando e cuidando do amigo felino.
Para um ‘gato leitor’, nada mais justo e digno que um final feliz. Será você, amigo leitor, o novo tutor do Lelo? Clique aqui para preencher o formulário de adoção e dar toda razão para Charles Dickens: “Tem maior presente que o amor de um gato?” Vida longa e tranquila para o gato Lelo e à nova família!
Fonte: Band
