Recifes de corais em todo o mundo sofrem com doenças causadas por estresses biológicos, como bactérias, fungos e vírus, e estresses não biológicos, como aumento da temperatura da superfície do mar, radiação ultravioleta e poluentes. E, assim, como em nós humanos, os sintomas de um estresse podem agravar outras perturbações à saúde dos corais, peças-chave na construção de habitats marinhos.
Cientistas têm observado que a frequência das doenças dos corais aumentou significativamente nos últimos 10 anos, causando mortalidade de recifes inteiros. Para muitos especialistas, esse fenômeno também está relacionado ao aumento da temperatura das águas oceânicas, causada pelo aquecimento global, que desencadeia processos de acidificação no mar e branqueamento dos corais.
Isso, somado à deterioração da qualidade da água por poluentes produzidos pelo homem, gera um ambiente marinho nada saudável, que também pode aumentar a proliferação e colonização de micróbios. O novo estudo adverte que se o mundo não frear as mudanças climáticas e o termômetro seguir em ritmo ascendente, quase 80% dos corais poderão ficar doentes nos próximos 80 anos.
O estudo, publicado na revista Ecology Letters, alerta que o fenômeno ameaça destruir habitats inteiros de recifes e devastar comunidades costeiras. Os recifes de coral desempenham um papel crítico no ecossistema marinho, sustentando cerca de um quarto dos peixes do mundo. Eles também são vitais para as comunidades costeiras que dependem do recife para pesca e turismo, bem como pela proteção que fornecem contra tempestades e erosão costeira.
“Eles são os construtores de habitat. Sem coral, não há ambiente de recife e nenhuma indústria costeira”, explica a pesquisadora Samantha Burke, principal autora do estudo, em comunicado.
A pesquisa demonstrou como o aumento das temperaturas exacerbou as doenças dos recifes de coral ao longo do tempo. Só nos últimos 25 anos, as doenças dos recifes de coral triplicaram – com quase 10% dos recifes em todo o mundo padecendo.
Para a análise, os pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, reviram 108 estudos sobre a saúde dos corais. Eles então vincularam as pesquisas aos registros de temperatura da superfície do mar para entender como a mudança climática – especificamente o aquecimento dos oceanos – influenciou o adoecimento dos corais, além de realizarem modelagem matemática para prever doenças em cenários futuros de aquecimento.
Os cientistas reconhecem que é difícil identifica as causas iniciais das doenças em si. “É difícil para nós saber se isso ocorre apenas devido ao aquecimento das temperaturas oceânicas ou combinado com muitos outros estressores enfrentados pelos corais”, diz Burke. “Mas o que está claro é que a prevalência de doenças de corais está aumentando em todo o mundo e, sem uma ação urgente para lidar com o aquecimento das temperaturas, mais corais ficarão doentes”.
