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GRANDE PERDA

Cientistas estão preocupados que fim dos satélites Terra, Aqua e Aura, da NASA, prejudiquem os estudos do nosso Planeta

Dentre as áreas que deverão ser afetadas, segundo eles, estão a camada de ozônio e a radiação solar

7 de maio de 2024
Redação Um Só Planeta
5 min. de leitura
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Planeta Terra visto do espaço — Foto: Javier Miranda

Os satélites da NASA Terra, Aqua e Aura monitoram o planeta Terra há mais de duas décadas, ajudando os cientistas, por exemplo, a prever o tempo, a gerir incêndios florestais e a monitorar derramamento de petróleo. Mas em breve – não se sabe exatamente quando – eles serão desligados e enviarão as suas últimas transmissões.

O problema é que muitos dos dados que eles coletaram deverão morrer junto. Outro ponto é que nenhum outro instrumento continuará a coletar as informações que esses três coletam. “Perder estes dados insubstituíveis é simplesmente trágico”, disse Susan Solomon, química atmosférica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ao New York Times. “Justamente quando o planeta mais precisa que nos concentremos em compreender como somos afetados por ele e como o estamos afetando, parecemos desastrosamente adormecidos ao volante.”

A principal área que será perdida, e que é medida por um instrumento do Aura, é a estratosfera, onde fica a camada de ozônio. Segundo Ross J. Salawitch, cientista atmosférico da Universidade de Maryland, depois que o satélite for desligado, nossa visão “diminuirá consideravelmente”.

O especialista relatou que os dados da sonda são importantíssimos. Eles mostraram, dentre tantos outros, os danos causados ao ozônio pelos incêndios florestais ocorridos na Austrália do final de 2019 ao início de 2020 e pela erupção vulcânica submarina perto de Tonga, em 2022.

Jack Kaye, diretor associado de pesquisa da Divisão de Ciências da Terra da NASA, reconheceu ao NYT as preocupações dos pesquisadores sobre o fim do Aura, mas argumentou que outras fontes, incluindo instrumentos em satélites mais recentes, tanto na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) quanto aqui na Terra, ainda forneceriam “uma boa janela sobre o que a atmosfera está fazendo”.

Mas, para muitos cientistas que estudam o Planeta Azul, isso não é suficiente. William B. Gail, ex-presidente da Sociedade Meteorológica Americana, deu um exemplo: se uma plataforma de gelo desmoronar na Groenlândia, só se terá certeza de que uma mudança repentina foi causada pelo colapso se houver medidas do aumento do nível do mar antes, durante e depois. “Você pode supor isso, mas não tem um registro quantitativo”, ponderou.

A reportagem do jornal norte-americano pontua que, no ano passado, a NASA consultou os especialistas sobre como o fim de Terra, Aqua e Aura afetaria o seu trabalho. Mais de 180 deles responderam, expressando preocupações sobre uma vasta gama de dados dos satélites, como os sobre partículas na fumaça de incêndios florestais, poeira do deserto e plumas vulcânicas, medições da espessura das nuvens e mapas em escala precisa das florestas, pastagens, zonas húmidas e culturas do mundo.

Eles salientaram que, mesmo que existam fontes alternativas para essas informações, elas podem ser menos frequentes ou de resolução mais baixa ou limitadas a determinados horários do dia.

O fim dos satélites Terra e Aqua ainda afetará a forma como é monitorizado outro fator importante do clima: a quantidade de radiação solar que o planeta recebe, absorve e devolve ao espaço. Para entender essa equação, os cientistas contam com o Clouds and the Earth’s Radiant Energy System (CERES), da NASA.

Por enquanto, quatro satélites estão voando com esses instrumentos: Terra, Aqua e dois mais novos que também estão chegando ao fim. Só que apenas uma substituição será feita, e deverá durar somente cinco anos.

“Nos próximos 10 anos, passaremos de quatro missões para uma, e a que resta já terá passado do seu auge”, disse Norman G. Loeb, cientista da NASA que lidera o CERES. “Para mim, isso é realmente preocupante.”

Instrumentos menores e mais leves

O futuro, observa o NYT, pode estar em instrumentos menores e mais leves, que poderiam ser colocados em órbita de maneira mais barata e ágil. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês) está desenvolvendo uma frota desse tipo para monitorar o tempo e o clima. E Loeb e outros nomes da agência especial dos Estados Unidos estão trabalhando em um instrumento leve para continuar suas medições do balanço energético da Terra.

Contudo, para que essas tecnologias sejam úteis, Loeb enfatizou que precisam começar a voar antes que os satélites atuais apaguem. “É necessário um bom e longo período de sobreposição para compreender as diferenças e resolver os problemas”, afirmou. Caso contrário, será muito difícil ter confiança nestas medições, se não tivermos a oportunidade de comprová-las em relação às medições atuais.”

Fonte: Um Só Planeta

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