Elas pesam mais de cem quilos, têm cerca de 1,30 metro e fazem parte da maior espécie de mamífero do Brasil. Ainda assim, até recentemente conseguiram passar despercebidas pela comunidade científica. Na última semana, após uma pesquisa de dez anos, pesquisadores brasileiros anunciaram que identificaram uma nova espécie de anta na Amazônia.
A Tapirus kabomani é a primeira espécie de anta descoberta oficialmente nos últimos 150 anos, e o maior mamífero descoberto em décadas. Ela habita o sudoeste da Amazônia, nos Estados brasileiros de Rondônia e Amazonas e no departamento colombiano de Amazonas. Ela se parece com a anta brasileira (Tapirus terrestris), mas têm algumas diferenças no tamanho do corpo, nas patas, crista e coloração.
A nova descoberta foi feita graças ao conhecimento tradicional dos povos indígenas da região. As comunidades locais já relatavam a existência dessa espécie, que nunca foi investigada porque a comunidade científica acreditava se tratar da anta brasileira. “Alguns povos locais há muito tempo reconheceram esta nova espécie, sugerindo um papel fundamental para o conhecimento tradicional na compreensão da biodiversidade da região”, diz o estudo.
A anta brasileira está na lista de espécies ameaçadas de extinção, classificada como “vulnerável”. Segundo o estudo, ainda não é possível dizer se ela está ameaçada. No entanto, o seu habitat – o sudoeste da floresta amazônica – é uma das áreas de floresta que mais enfrentam pressão do desmatamento ilegal, de grandes obras de infraestrutura e das mudanças climáticas. “É urgente determinar o status de conservação, a distribuição geográfica e os requisitos ambientais dessa espécie, para melhor compreender como ela é afetada pelas atividades humanas”, diz o estudo.
A descoberta foi publicada na segunda-feira na revista científica Journal of Mammalogy. O trabalho foi escrito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e contou com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: Época