No Japão, a carne de cavalo é consumida sob a forma de sashimi, em fatias finas mergulhadas em molho de soja. Em países como o Cazaquistão e a Suíça, os animais são servidos em forma de bife e salsicha.
Em 2016, mais de 300 cavalos foram enviados de Winnipeg para o Japão, de acordo com a Agência Canadense de Inspeção Alimentar (CFIA). O país é um dos maiores importadores de carne de cavalo, apontou a CFIA.
Jessica Davis, coproprietária da Hooves N ‘Hounds, uma organização local que resgata cavalos, diz que a carne de cavalo é consumida no Japão, na França, na Suíça e em Quebec.
Como os cavalos são transportados
Os cavalos geralmente são forçados a lidar com o trauma do transporte dentro de caixotes estreitos em um avião.
Embora a CFIA alegue cumprir a legislação, Maureen Harper, ex-veterinária da agência, ressalta que eles desrespeitam seus próprios regulamentos.
De acordo com a legislação, os cavalos com mais de 14 mãos de altura devem ser separados durante o transporte aéreo. Os caixotes também precisam ser altos o suficiente para que a cabeça do animal não toque no topo.
No entanto, a CFIA disse que os cavalos são enviados juntos nas caixas pequenas se forem “avaliados como compatíveis durante a viagem”.
“A CFIA está ignorando seus próprios regulamentos. Eles estão enchendo-os como uma lata de sardinha”, afirmou Harper.
Davis disse que muitos proprietários de cavalos injetaram seus animais com uma pílula anti-inflamatória, conhecida como fenilbutazona (bute), o que é proibido pela indústria, revelou a reportagem do Global News.
Segundo a CFIA, o governo federal examina cerca de 300 amostras de carne de cavalo por ano anualmente. Isso significa que dos 54 mil cavalos mortos em 2016, menos de 0,60% foi verificado.
Mercado canadense
O Canadá tornou-se um dos maiores fornecedores internacionais de carne de cavalo, após uma decisão do tribunal federal dos EUA em 2007 encerrar a última fábrica de processamento de cavalos.
De acordo com a ASPCA, cerca de 137 mil cavalos norte-americanos foram transportados para matadouros canadenses e mexicanos anualmente entre 2012 e 2016. Entre eles estavam animais explorados em corridas e como meios de transporte.
Em março de 2017, 196 cavalos foram enviados do Canadá para o Japão (os locais de partida geralmente são Calgary, Edmonton e Winnipeg). O preço médio por cada cavalo foi de US$ 5.490.
Mais de 54 mil cavalos foram mortos no Canadá em 2016. Isso significa quase 13,8 milhões de quilos de carne de cavalo enviados para países como o Japão, a Suíça, a França e a Bélgica, de acordo com o governo federal.
Algumas partes do Canadá, principalmente Quebec, consomem a carne dos animais, mas grande parte é exportada.
Infelizmente, a carne de cavalo é considerada uma iguaria em muitas partes do mundo, especialmente em Kumamto, uma cidade na ilha japonesa de Kyushu. Existe até uma loja e um restaurante – Ma Sakura – que é especializado em carne de cavalo.
Embora seja popular em outros países, o consumo de cavalo é um tabu dentro do Canadá, de acordo com Melanie Joy, psicóloga de Harvard e autora da obra “Por que comemos porcos, amamos cães e usamos vacas”.
“Não fomos socializados para nos desconectar de cavalos. Vemos animais como macacos ou gorilas como seres, por exemplo, não alimentos. É a diferença entre comer alguém, não algo”, disse Joy.
De acordo com a Mercy for Animals, o atordoamento dos animais antes da morte é incrivelmente difícil. Os cavalos em desespero absoluto lutam por suas vidas e muitas vezes resistem a golpes repetitivos. Às vezes, eles permanecem conscientes enquanto são retalhados e são pendurados por uma perna traseira antes terem as gargantas dilaceradas.
Essa terrível indústria acarreta preocupações entre muitos canadenses, incluindo a organização de proteção animal Canadian Horse Defend Coalition (CHDC).
O grupo protesta contra o transporte de animais vivos cavalos e documenta os milhares de animais enviados para o exterior enquanto essa barbaridade é perpetuada.