O cãozinho Gui é um “digital influencer” que soma mais de 100 mil seguidores no Instagram. Ele foi diagnosticado há 8 anos com cinomose e sua história contada em tom de humor inspira e dá esperança para outros tutores.
Gui chegou na casa de Danielle Nogueira em 2014 junto de seu irmão, Vitinho. A ideia inicial era usar o espaço apenas como lar temporário até encontrar um possível adotante. Na época, Dani já trabalhava com voluntária de uma ONG da sua cidade e, sempre que podia, recebia filhotes que precisavam de abrigo.
Já com 5 animais em casa, a moça não imaginava que os irmãos ocupariam um lugar tão importante na sua vida. “Eles chegaram com três meses de idade, descobrimos a doença depois de alguns dias e decidi realizar todo o tratamento antes de colocá-los para adoção”, explicou em entrevista ao Vida de Bicho.
Vitinho foi o primeiro a apresentar sintomas, mas, diferentemente do irmão, teve um tratamento rápido e tranquilo. Infelizmente, Gui não reagiu da mesma forma. Em três dias de diagnóstico, o cão passou a convulsionar e apresentar sintomas característicos da cinomose, que já tinha atingido seu sistema nervoso.
“Eles eram muito grudados, sempre dormiam juntos, não queria separá-los. No início, pensei em ficar só com o Gui por causa das sequelas, não tinha como saber se a outra família cuidaria. O Vitinho já estava bem, mas não seria justo. Eles brincavam e dormiam juntos e depois de um mês entendi que o certo era mantê-los unidos”.
Ao longo dos oito anos de união, Gui foi capaz de trazer diversos aprendizados para a sua família. O principal deles é que desistir nunca é uma opção. “Eu ouvi muito que eu deveria levá-lo de volta para o abrigo ou fazer a eutanasia, mas existia um motivo que o fez chegar até mim. Eu não podia desistir, ele estava lutando. Ele me ensinou sobre amor, gratidão e dar mais valor às coisas mais simples da vida. Foram anos até voltar a abanar o rabo, algo simples entre os cães, mas uma felicidade enorme quando conseguiu. O Gui é um anjo que mudou a minha vida”.
A ideia por trás da criação do perfil foi exatamente essa: conscientizar aqueles que compartilham a vida com um animal com deficiência e mostrar não só é possível, como também vale a pena lutar pelo bem-estar do seu companheiro.
Gui teve algumas sequelas ao longo da vida – epilepsia, pata atrofiada e mioclonia, alguns tremores involuntários que duravam 24 horas, eram os mais marcantes. “Um neurologista que chegou a atendê-lo disse que o quadro era um dos piores que ele já tinha atendido, era realmente grave. Tinha semana que ele convulsionava todos os dias, não havia espaço de um mês entre as crises”, relembra.
Em diversas consultas, a amputação do membro atrofiado chegou a surgir como sugestão dos médicos veterinários, mas Danielle sempre prezou pelo bem-estar do cão. “Eu não sabia se aquilo seria melhor, então decidi esperar. Depois de quatro anos, ele voltou a andar com aquela pata graças à fisioterapia e células troncos”.
Mesmo com a doença, o cachorro sempre viveu ao lado de seus irmãos. “A gente não podia conseguia fazer o isolamento completo, todos meus animais eram vacinados e decidimos correr o risco, então todos conviveram juntos, tomando os cuidados necessários. Atualmente, o vírus não está mais ativo, então não há problema”, explica Danielle.
Hoje, ainda que ainda tenha alguns problemas relacionados à saúde, Gui é um cachorro de personalidade forte e muito amoroso. “Tivemos momentos difíceis nos últimos anos, ele teve hepatite medicamentosa, proveniente da quantidade de remédios. De um ano e meio para cá, o quadro de evolução começou a decair e, junto disso, a movimentação também. Tentamos fazer diversos exames para entender a causa, mas não conseguimos encontrar ainda”.