Haiser, um cachorro da raça pit bull, está passando a quarentena estipulada como forma de combate ao coronavírus no Rio Grande do Sul, na companhia de seu tutor, após os dois serem impedidos de retornar ao seu país de origem, o Uruguai.
A dupla viaja pela América Latina há quase dois anos. “Com as últimas notícias, a necessidade do isolamento social, tentamos retornar ao Uruguai, mas a fronteira estava fechada e não nos arriscamos”, contou à Globo Rural, Martin Sugo, um jovem de 25 anos, tutor de Haiser. “Resolvemos montar nosso acampamento no Rio Grande do Sul”, completou.
A quarentena dos dois será cumprida no município de Rosário do Sul. “Sempre fomos muito bem recebidos nesta cidade e a nossa obrigação é cumprir a determinação das autoridades de saúde”, disse o uruguaio, que costuma se deslocar de um local para o outro por meio de caronas solidárias. “As pessoas percebem que o Haiser é um cão dócil, adestrado e extremamente educado. Mas todos nós precisamos evitar o contato próximo neste momento”, acrescentou.
As viagens feitas por Martin têm o objetivo de combater o preconceito contra os pit bulls. Ele pretende chegar ao México, para disseminar essa ideia, em um período de 10 anos.
“Não existe cão de má índole, existem pessoas que não sabem lidar com animais. Se você se dedica a treinar e adestrar o animal e faz isso de forma correta, ele não será uma ameaça para ninguém, é um cão muito carinhoso e inteligente”, explicou.
Durante a quarentena, Martin gravará um curso online para abordar questões comportamentais dos animais, ajudando tutores de cães. “De cada dez cachorros que atendo, eu adestro oito tutores”, brincou o uruguaio.
O cachorro foi adotado por Martin quando era filhote. Atualmente, ele tem quatro anos. “Na verdade, eu que tive a sorte porque o Haiser me salvou. Eu sofria de depressão e esse cachorro salvou minha vida”, disse.
Segundo ele, o animal o impediu de cometer suicídio. “Haiser me deu um recomeço de vida e por isso, quero mostrar às pessoas que os cães da raça pitbull não são perigosos. O bicho mais perigoso que eu conheço é o ser humano”, comentou.
Nas redes sociais, as aventuras da dupla são registradas e a história do cachorro é contada. O perfil @haiserpitbull já ultrapassou os 5 mil seguidores.
Ao saber do Covid-19, Martin buscou informações sobre a doença e ficou aliviado quando descobriu que cães não podem ser infectados por esse vírus. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) informou que cães e gatos estão suscetíveis a outros tipos de coronavírus, do gênero alphacoronavirus, mas não correm o risco de se contaminarem com o vírus que tem afetado os humanos.
Apesar disso, o CFMV indica que as pessoas mantenham cuidados de higienização após terem contato com animais, lavando as mãos e usando álcool em gel e água sanitária para limpar os recintos.