A caminhada foi longa, mas finalmente o cachorro mais velho do canil municipal de Araraquara, no interior de São Paulo, encontrou um lar. Após viver 10 anos no abrigo, o cão, que é cego e tem uma pata amputada, foi adotado por uma moradora da cidade que tinha o sonho de dar um lar para um animal que apresentasse características que o fazem ser rejeitado pela sociedade, como a idade avançada e deficiências.
Durante a década que viveu no abrigo, o cão atendia por Estabanado. Agora, junto com o novo lar, ganhou também um novo nome: Tofu. Na época em que foi resgatado pela prefeitura, o cão já era adulto, o que já é um fator que dificulta a adoção. Além disso, seu porte é grande, o que também afasta os adotantes, que preferem os cães menores. Com o passar dos anos, a situação ficou ainda mais difícil para o cão, que ficou cego e precisou amputar uma das patas por conta de um tumor.
A equipe do abrigo já não tinha mais esperanças de doá-lo e acreditava que ele morreria no canil, privado da alegria de ter uma família só pra ele. Mas a adestradora Daniela Molinari estava disposta a evitar que isso acontecesse e sua disposição era o que faltava para transformar a vida do cachorro.
Coordenadora de Bem-Estar Animal no abrigo de Araraquara, Carolina Mattos Galvão se surpreendeu ao receber uma mensagem da adestradora na qual recebeu o questionamento sobre qual era “o cachorro mais velho para adoção”. Com idade estimada em 14 anos, Estabanado foi apresentado àquela que se tornaria sua nova tutora.
“Eu sempre tive o sonho de adotar um cachorro deficiente, um idoso e um surdo. Quando perguntei qual era o cachorro mais velho do abrigo, não imaginei que ele fosse ser deficiente visual e físico também”, contou Daniela ao portal A Cidade ON. “Não é justo um cão não ser adotado por ser idoso, cego e amputado”, completou.
E foram necessários apenas cinco minutos ao lado do cachorro para a adestradora ter certeza de que, sim, ele seria adotado. Após conversas com o marido, Daniela começou os preparativos para receber seu novo companheiro: Tofu. No entanto, foi preciso esperar um mês para recebê-lo, já que o cão ainda se recuperava da cirurgia de amputação.
“Encomendei a plaquinha de identificação, compramos caminha, roupa, coleira, uma guia nova. Foi muita ansiedade, parecia que o tempo não passava”, relembrou a tutora.
O dia de formalizar a adoção, no entanto, finalmente chegou e se tornou uma data marcada por muita felicidade. “Foi uma sensação indescritível, uma coisa mágica. Eu sabia que queria, mas não sabia que seria tão bom assim”, contou a adestradora.
E a adaptação de Tofu ao novo lar aconteceu de maneira natural e rápida. “Ele é muito bonzinho, dormiu como um anjo, não está mais trombando nas coisas. Minha família está feliz, ele está feliz, é gratificante ver ele aqui. Agora ele tem uma família, não só uma casa, mas uma família mesmo. Queria agradecer a todos que cuidaram dele pra mim até hoje”, concluiu Daniela.