A imagem do reencontro com o cão Bolt revela o alívio da cantora recifense Mary Rosa ao confirmar que tinha conseguido salvar o animal da cheia do rio Capibaribe, no bairro da Várzea, no Recife. Ela perdeu todos os bens que estavam no imóvel, inclusive os instrumentos musicais dos quais depende para trabalhar.
Além dos cãezinhos Bolt e Branquinha, a cantora conseguiu retirar a tempo da casa, tomada até o teto pelas águas, 12 gatinhos, que colocou em um recipiente onde guarda comida para que pudessem boiar.
No último sábado (28), ela acordou com o barulho da água entrando na casa. A água ultrapassou os 5m de altura no terreno da residência.
“Meus cachorros colocavam as patas pela janela e não conseguiam achar o chão! Ficavam uivando, desesperados. Quando meu marido me levou nadando até a outra ponta (uma casa vizinha com saída para a avenida principal do bairro), a correnteza fazia uma espécie de redemoinho. O medo era de ser puxada pelo rio”, comenta Mary.
A água subiu rapidamente, mas com a ajuda do marido, que sabe nadar, a cantora retirou os dois cães e os gatos e os levou para o terreno de um morador em uma parte mais alta do bairro. Os animais passaram a noite lá, enquanto a cantora e o marido tentavam salvar objetos pessoais e monitoravam o volume do rio.
Somente quando amanheceu, no dia seguinte, Mary Rosa foi buscar os animais, e a fotografia do reencontro foi registrada. Bolt correu para os braços dela quando a viu de volta ao terreno. Quando a água baixou e o casal voltou para casa, o cenário era de destruição.
Prejuízo de R$ 10 mil em equipamentos de música
Na residência, onde também funcionava um pequeno estúdio musical, estavam guardados aparelhos e mesas de som, notebook, instrumentos musicais e microfones que a artista utiliza para se apresentar em bares da periferia do Recife, onde costuma cantar.
“O prejuízo é de mais de R$ 10 mil. E tudo o que a gente tinha aqui era fruto do nosso esforço. Ninguém nos ajudou com nada não”, desabafou Mary, aos prantos.
A subida rápida da água até o ponto de quase atingir o teto da casa pegou os moradores da região de surpresa. A residência dela, por ser em uma parte mais alta da comunidade ribeirinha, acabava servindo como ponto de apoio para que vizinhos guardassem eletrodomésticos em períodos de chuvas mais fortes.
“A água podia até entrar na casa dos outros, mas aqui era considerado um local seguro”, contou.
Ela não sabe como e nem quando vai voltar a trabalhar. Mary deve perder festas em um mês importante para os músicos nordestinos, já que o São João está chegando. Perguntada se está arrependida de ter deixado para trás todos os instrumentos musicais, ela não tem dúvidas.
“Eu fiquei triste pelas minhas coisas perdidas. Mas eu ficaria muito mais triste, se visse todos os meus cachorros e meus gatos levados pelo rio. Daqui a gente via animais passando boiando, sendo levados pela correnteza, alguns mortos, entre cachorros, cavalos e porcos. Cenas que eu jamais irei esquecer”, diz a artista que está alimentando os animais sobreviventes com ração doada.
“Ainda não dá pra sorrir, mas estou viva, ao lado do meu marido e dos meus animais! Em breve, com fé em Deus e a ajuda dos meus amigos e familiares, espero conseguir dar a volta por cima”, afirmou ela, que lançou na internet uma campanha para arrecadar doações e recomeçar do zero.
Fonte: Uol Notícias