Porém, depois que esse período acabou, eles foram presos em um parque turístico de animais em Xangai, na China.
Todos os dias, os galgos permanecem solitários em celas de concreto escuras e quentes, até que precisem entreter o público em uma das mais recentes atrações degradantes do zoológico: um “show de corrida de cem metros” entre uma chita africana e um galgo australiano pelo título de “mais rápido do Reino Animal”.
Há 15 dias, a ativista britânica Kerry Elliman visitou o Shanghai Wildlife Animal Park, onde passou vários dias tentando negociar a libertação dos galgos. Ela capturou trágicas imagens dos bastidores que está longe de ser o “paraíso” e o “lar acolhedor para animais” que divulgada em sua publicidade.
“Há aproximadamente 40 cães. Alguns são idosos, mas outros são realmente jovens, não têm mais do que dois anos”, disse Elliman, líder da Birmingham Greyhound Protection na Inglaterra.
“A equipe nos disse, verbalmente, que os cães eram todos australianos. Cheguei perto o suficiente de muitos dos mais jovens para ver que todos são tatuados”, acrescentou, referindo-se a tatuagens nos ouvidos que relacionam os animais aos treinadores australianos.
A confirmação de que os cães jovens têm sido destinados ao zoológico aumenta o questionamento sobre a capacidade da indústria de galgos de controlar a exportação de cães para a Ásia, apesar dos números oficiais indicarem que a prática cruel acabou.
“Além de querer resgatar esses cães, quero ter acesso às tatuagens para expor todos os treinadores que os enviaram para lá. Precisamos mostrar às pessoas que isso ainda está acontecendo”, ressaltou Elliman.
O Shanghai Wildlife Animal Park é conhecido pelos maus-tratos de animais. O local realiza uma repugnante “olimpíadas animais” com até 40 “esportes”, como corridas de bicicleta de urso, obstáculos para cães, gorilas no balanço e basquete de elefantes.
Em 2012, um assessor de imprensa do parque afirmou que esses absurdos eram agradáveis para os animais porque todos os jogos eram “baseados em suas naturezas”.
Um ano depois, uma corrida de bicicleta olímpica entre um urso e dois macacos terminou de maneira chocante depois que o urso colidiu com um dos primatas, informou a reportagem do The Sidney Morning Herald.
Em 2015, o parque despertou a atenção do público australiano quando uma investigação da Animals Australia descobriu que galgos domésticos indesejados estavam sendo exportados para o zoo.
A filmagem mostrava galgos afligidos que olhavam para fora das celas onde estavam alojados em confinamento solitário. Eles não recebiam água e praticamente não tinham sombra para escapar do sol.
Durante a investigação, a Animals Australia divulgou alegações de moradores locais que contaram que, quando os cães se feriam e não tinham mais uso para o zoo, eram dados como alimentos aos predadores do local, como grandes felinos.
O trabalho dos ativistas, que revelaram atrocidades similares em Macau e no Vietnã, desencadeou um protesto público maciço e levou a Qantas a anunciar que pararia de transportar galgos para a Ásia.
As regras nacionais da indústria proíbem a exportação de galgos a menos que eles tenham um “passaporte”. Essas licenças são concedidas se as jurisdições estrangeiras atenderem aos padrões australianos de proteção animal.
Porém, o governo federal se recusou a endurecer a legislação e tornar a exportação ilegal.
Recentemente, a Fairfax Media testemunhou a competição de galgos e de chitas em provas de corrida.
“É de partir o coração. Muitos desses cães se fecharam completamente. Havia uma em particular, ela ficou de pé olhando para o canil e só queria voltar para a escuridão, nem conseguia lidar com o fato de estar lá fora”, disse Elliman.
Após resgatar com sucesso 12 galgos irlandeses do comércio de carne chinesa em 2016 e depois os realocar na Inglaterra, Elliman ainda espera fechar um acordo similar com a administração do zoo.
Lyn White, da Animals Australia, declarou: “Esperávamos que a indústria de galgos tentasse negociar a libertação desses galgos australianos. O fato de eles terem sido deixados para viver nas circunstâncias mais miseráveis é incrivelmente triste”.