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DESOLAÇÃO

Cachorros sobem em tábuas para se salvarem de alagamentos no Pantanal

13 de janeiro de 2022
Vanessa Santos | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

Mais de dez cachorros ficaram ilhados sob um tablado durante uma enchente no Rio Pirigara, em Barão Malgaço, a 126 km de Cuiabá (MT). A região está em alerta para novos temporais. Os habitantes da região denunciam que o rio teve seu curso alterado por ação humana.
Nilma Arruda Martins, tem 66 anos e nasceu na região, a agricultora contou em entrevista para o G1 que durante toda a sua vida nunca presenciou alterações climáticas tão radicais naquela localidade. “Lugares secos ficaram alagados e lugares alagados ficaram secos”, diz ela.

“Antes era tudo certinho, no período do meu pai. Tinha a seca em julho e depois começava as chuvas e estava tudo certo. Agora não tem mais controle de estações, parece tudo bagunçado”, afirma a moradora.
Ela ainda disse que recentemente um deslizamento de terra provocado por uma empresa desviou o curso do rio, fazendo com que a correnteza carregue todo o lixo das cidades adjacentes para o Pantanal. “O rio Pirigara, que é um braço do rio São Lourenço, entupiu e não tem mais saída. Agora, a água tem que ir para algum lugar”, lamenta Nilma.

Zona de perigo

Fábio Senatore é coordenador da Defesa Civil e secretário de Meio Ambiente da cidade, ele afirmou que o órgão vem acompanhando a situação e que as enchentes não representam risco para as famílias dos locais atingidos. Fábio também disse que as equipes estão averiguando as denúncias dos moradores sobre a alteração no curso do rio que corta a região.

Foto: Divulgação | Defesa Civil

“Estamos preocupados com relação à invasão dessa água porque não é do curso natural do rio. Houve uma ruptura. Então estamos vendo onde houve essa ruptura, se foi por questões antrópicas ou naturais”, explicou o coordenador.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou através de uma nota que caso seja identificada alguma área inundada que ofereça risco para a população, a Defesa Civil está de prontidão para realizar trabalhos de emergência.

Foto: Arquivo pessoal

Sobre as denúncias de desvios do curso das águas, a Sema disse que ainda não fez nenhuma apuração, mas que o caso será investigado.

Maior incêndio da história

O incêndio que atingiu o Pantanal em 2020 até hoje não foi superado pelo bioma e seu entorno. Profundas mudanças climáticas vêm ocorrendo em toda a região centro-oeste e norte do país, se estendendo à leste, como as chuvas que atingem a Bahia e Minas Gerais, além do Tocantins.

As chamas que devastaram o bioma pantaneiro foram sem precedentes. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que realiza o monitoramento da região desde 1998, nunca havia catalogado tamanha devastação.

Locais de preservação de espécies silvestres em extinção, como o Parque Estadual Encontro das Águas, que é refúgio das onças-pintadas, teve boa parte de seu território destruído.

Um estudo feito sobre a tragédia alerta que as mudanças climáticas provocadas pelas ações do homem têm influenciado a frequência, a duração e a intensidade das secas na região. O impacto de seguidas queimadas pode ser catastrófico e empobrecer o ecossistema, que já é frágil durante o período de estiagem.

A seca vem atingindo vorazmente a fauna e a flora da região e voluntários estão levando alimentos e água para os animais.
A biodiversidade do Pantanal é imensa. São mais de duas mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e ao menos 174 espécies de mamíferos.

Segundo dados de satélite analisados pela organização MapBiomas, o Pantanal, que é a maior planície úmida do planeta, perdeu 29% de sua superfície alagada nos últimos 30 anos. A seca prejudica todo o funcionamento do ecossistema, desde a reprodução dos animais até o solo, que devido à seca se torna mais propicio a incêndios.

Nota da Redação: Não foi divulgado o local para onde os cães foram encaminhados após o resgate.

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