Rozana Salles
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Uma volta de carro, poderia ser um passeio. Abrem a porta e me jogam numa calçada a ermo. Tudo que me absorveu nos instantes seguintes foi a escuridão que silenciava uma surpresa e um temor incontrolável. O som do carro foi-se distanciando como o final de uma música triste que emudece-nos. O que fazer quando minha deficiência visual não me permitia alcançar o aspecto do espaço físico que meu frágil corpo, já deflagrado pelo tempo, ocupava, quanto mais me permitir alcançar uma luz de compreensão do de ser abandonado? Por quê? Quanta covardia e quanto desamor tiveram meus tutores ao me descartarem para o incerto, para os perigos que iriam cercar minha realidade a partir de então? Tristeza imensa esta a da espera. Espera da volta deles; e, imenso é o vazio de se descobrir não amado. Descobrir-se mergulhado no meu ingênuo engano. Iludi-me ao pensar ser importante para alguém. Caminhar pela escuridão, o vazio e o medo que se apossaram no meu coração me levaram a cair num buraco de um parque como se fosse meu próprio túmulo e, se fosse encontrado, que parte do meu ser ressuscitaria dali e qual outra parte permaneceria naquela cova?
Não tive forças para latir tamanha minha tristeza. Tão imenso o meu abandono. Antes tivessem me matado, a dor seria menor. Os que dizem que cão não chora não entendem que a dor cai como punhal na mesma intensidade em todos os corações, até mesmo no minúsculo ser. Quem me garante que as pedras não choram, quem? Ser encontrado foi um alívio, bem sei. Mas, continuo rejeitado, sendo um estorvo na vida de um ser que não me quer e ainda não consegue alcançar o mais pleno dos sentimentos: o amor. Quem poderá arrancar minha dor com os laços da verdadeira essência de Deus? E quem estará predestinado a me guiar e acender a luz que me falta? Vou acreditar. Vou esperar este anjo que me acalantará e me fará crer que vale a pena viver e ser verdadeiramente amado como uma das criações do divino, pois, para o Pai Celestial somos todos os seus filhos.
Amigos da proteção, este idosinho deficiente precisa ser adotado. Precisa de um cantinho seguro para que possa viver sua velhice com dignidade. Esta em Santo André, na casa de uma senhora que pediu para que o retirasse de lá o mais rápido possível. Peço-lhes encarecidamente que enviem este meu email para os seus contatos poste no Facebook, nos sites, nos blogs e com fé de que um anjo virá ao encontro deste peludinho.
Contato: Rozana Salles [email protected] – Cel: 11-8387-8869