Após ver a foto de um cachorro com o focinho dilacerado, publicada em uma rede social, a médica Larissa Tames não pensou duas vezes no que deveria ser feito: a adoção. Moradora de Porto Velho, Larissa conta que a ex-tutora do poodle o abandonou depois que ele teve o focinho cortado enquanto andava sozinho na rua, em setembro. Desde que foi atacado, Théo passou por cinco cirurgias de reconstrução facial e hoje tenta se adaptar com a nova rotina. “Ele come papinha e coisas moles. Ele é muito vivo”, diz.
Em entrevista ao G1, Larissa relembra o exato momento em que se encantou por Théo. “Vi a foto no Facebook com o focinho cortado e liguei pra minha mãe chorando muito, falando que precisávamos ajudar aquele cachorro. Procuramos a clínica onde estava internado e descobrimos que as despesas da primeira cirurgia já estavam pagas, então deixamos nossa ajuda em papinha, porque ele não estava se alimentando com outra coisa. Desde então comecei a acompanhar o caso do Théo e descobri que a tutora não o queria mais”, relembra.
Larissa conta que logo depois a ex-tutora de Théo a procurou pedindo para que ela o adotasse, alegando que trabalhava o dia inteiro e não poderia dar os cuidados especiais ao animal.
A mãe de Larissa, Gabriela Tamis, diz que ajudou de imediato, mas ficou receosa quando a filha decidiu levar o cachorro para casa. “Quando ela me pediu eu relutei. Fiquei muito chocada com o caso dele e queria conseguir um lugar legal pra ele. O combinado foi que ele ficasse aqui em casa apenas dois dias. Mas os dois dias foram suficientes para que ele não saísse mais daqui. Ele nos conquistou”, afirmou Gabriela.
Além de Théo, a família de Larissa possui Jolie, uma shitzu que também foi adotada quando tinha um ano e meio. Jolie ainda não se acostumou a dividir a atenção da casa com o novo filhote. Théo foi castrado há pouco mais de um mês e fica separado de Jolie porque é necessário um tempo maior para a recuperação das cirurgias.
De acordo com Larissa, Théo ainda precisa de uma atenção especial, principalmente na hora da alimentação. Somente ração de filhote, por ser mais macia, e pedaços de carnes pequenos fazem parte do cardápio. Algumas refeições são trituradas e dadas para o animal.
“Sempre me perguntam se ele bebe água exageradamente por ficar com a língua exposta, mas não. Ele bebe bastante água como um cachorro que brinca muito. Na alimentação damos carne moída, papinha e coisas mais macias e pequenas”, diz a médica.
Reação das pessoas
Sempre que a família leva Théo para passear, algumas pessoas estranham ao ver que ele não possui focinho. “Passeamos todos os dias porque se não ele morre de chorar. As pessoas ficam impressionadas e muitas vezes geram uma comoção, porque nós deduzimos que foram pessoas que o maltrataram e sempre perguntam a história do Théo. As crianças aceitam muito melhor que os adultos”, conta Gabriela, mãe de Larissa.
Segundo Larissa, cada dia ela fica mais encantada com a força de vontade de Théo para viver alegre e resistir as dores das cirurgias. “Ele é muito vivo e tem muita força. Ele aprende rápido, vai se adaptando. Não tem dificuldade pra nada e isso dele é incrível”, diz.
Maus-tratos
A antiga tutora de Théo disse a Larissa que o poodle tem seis meses, mas segundo o veterinário que cuida de Théo, ele tem entre 1 e 2 anos, porque um cachorro de seis meses possui a arcada incompleta, bem diferente de Théo, que tem a arcada dentária definitiva.
A história contada para a família foi de que a antiga tutora estava trabalhando e, quando chegou em casa, não encontrou Théo. Ao sair pelas ruas para procurá-lo, o encontrou ensanguentado e com o focinho pendurado.
Fonte: G1