Existiam dois cachorros na casa de uma senhora, moradora do bairro Pacheco, em Palhoça. Por estar com medo, a tutora dos dois animais pediu para não ser identificada na reportagem. Conta apenas que, no final da tarde desta quarta-feira, ela voltou para casa após um passeio e encontrou a cadela, mãe do Negão, muito agitada.
Latia muito, ia até os fundos da casa e voltava. Estranhando aquela recepção da pequena pinscher, a senhora seguiu o animal até os fundos e encontrou a porta da área de serviço fechada. “Mas como? Se ela estava sempre aberta”, reparou.
Imediatamente a neta foi chamada, orientada a pedir ajuda. Foi quando as duas ouviram de dentro do cômodo: “Não precisa chamar ninguém”. Logo saiu de dentro um jovem com um saco na cabeça, carregando outro pacote, e passou rapidamente pelas duas em direção à cerca, fugindo para a rua.
Caso foi registrado na polícia
Depois do susto, começou o desespero. Negão não foi encontrado no terreno. Um vizinho, que seguiu o invasor, trouxe a pior notícia: o cachorrinho de seis anos estava morto. Foi quando a senhora teve coragem para entrar na área de serviço. “Estava toda ensanguentada”, contou.
Do ato criminoso restou uma barra de metal, sujo de sangue. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Palhoça no mesmo dia. Na manhã desta quinta-feira, uma equipe do Instituto Geral de Perícia esteve na residência para colher provas. Ninguém havia sido preso até as 17h45min desta quinta-feira.
De três meses a um ano
A Lei 9.605/98 dos Crimes Ambientais prevê no Art 32 que “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” resulta em detenção de três meses a um ano, mais multa. Em caso de morte do animal, a pena pode ser aumentada em até um terço. No entanto, a presidente da Amigos e Protetores dos Animais de Palhoça (Aprap), Shalma Teixeira, diz que é difícil haver punições nesses casos.
“Acompanhamos dois casos. Um em que uma cadela foi queimada viva e outro que um cachorro foi enterrado, também vivo, e não deu em nada, só um termo circunstanciado. Infelizmente, esses crimes absurdos não são considerados pela justiça no Brasil”, disse.
Mesmo desapontada, Shalma orienta sobre a importância de denunciar casos como o ocorrido no Pacheco.
“É preciso formalizar a denúncia através de um Boletim de Ocorrência e avisar o órgão de fiscalização da prefeitura, que no caso de Palhoça é a Fundação Cambirela de Meio Ambiente”, disse.
Em caso de flagrante, a indicação é ligar para a polícia, no 190. A Aprap atende no telefone (48) 3242-3253.
Denuncie maus-tratos aos animais
Polícia Militar – 190
Fundação Cambirela de Meio Ambiente (FCAM) – Avenida Ilza Terezinha Pagani, Loteamento Pagani. Telefone: 3279-1796.
Amigos e Protetores dos Animais de Palhoça (Aprap) – Rua Amaro Ferreira de Macedo, s/ nº, sala na Unidade Básica de Saúde Central de Palhoça. Telefone: (48) 3242-3253.
Fonte: Roberto Lorenzon