A história poderia ser tema de um desenho animado: uma lontra e uma cachorra que brincam, correm, nadam e dormem juntas. Esses animais tão distintos se tornaram grandes amigos em um local considerado um paraíso pelos moradores, na Barra do Itaguaré, em Bertioga, no litoral de São Paulo. E quem tem o privilégio de admirar esta amizade “divertida” é um aposentado, que acabou adotando a lontra como membro da família.
Na Barra do Itaguaré acontece o encontro entre o rio e o mar de Bertioga, lá nasceu uma amizade um tanto quanto inusitada, entre a Chu, uma labradora de cor preta, e a Chi, uma lontra, que na verdade, ainda não se sabe se é macho ou fêmea. Alguns gatos que vivem na área também se aproximam e tentam fazer parte “da turma”, mas, segundo o aposentado Alfredo Honório de Oliveira Filho, a amizade com eles não é a mesma coisa.
Alfredo conta que a aproximação entre a cadela e a lontra surgiu quando ambos eram filhotes, há cerca de oito meses. “Encontrei ela (a lontra) do lado do rio, provavelmente a mãe morreu. Ela era bem pequena e já estava órfã, foi aí que começou a andar com a minha cachorra, que tem oito meses agora. Acho que as duas têm a mesma idade, começaram a brincar quando eram bem pequenas, a lontra tinha uns dois palmos de comprimento”, conta Alfredo.
O aposentado vive em uma casa em frente à Barra do Itaguaré, no local, os animais estão sempre juntos, correndo pela areia, explorando a área ou até mesmo nadando. Eles são tão apegados um no outro, que já foram fotografados dormindo juntos. “Eles se abraçam, eu me derreto todo. Acho muito legal, porque a lontra é um bicho que vive escondido, mas aqui não. Acho que mesmo quando for adulta, ela não vai querer mais desgrudar da cachorra”, diz.
A relação entre os animais chega a ser engraçada, já que, segundo Alfredo, às vezes a cadela fica um pouco aborrecida com todo o apego da lontra. “A lontrinha quando está entocada e não vê a cachorra fica agoniada procurando. Mas ela enche o saco da cachorra, tenta roubar a comida dela, aí a Chu dá um chega para lá nela”, brinca o aposentado.
A lontra se alimenta de peixes, que muitas vezes ganha de Alfredo, ele diz que essa relação de cumplicidade entre os dois chama atenção dos visitantes que passam no local, mesmo que eles fiquem em um terreno privado, muitos turistas querem olhar de perto. “O pessoal gosta de chegar perto dela (da lontra), tirar foto, mas ela não pode ficar estressada que morde. Não gosta de gritaria, é que nem eu, gosta de ficar entocada”, afirma.
O aposentado não esconde o carinho que sente pelos animais, e diz que teme que alguém faça algo contra o animal. “Os intrusos somos nós, a natureza é deles, ela faz o que quiser, meu espaço é dela. Já peguei carinho por ela, quando viajo fico preocupado se alguém vai pegar ela, sou babá afinal”, finaliza Alfredo.
Fonte: G1