Por Patricia Tai (da Redação)
Sunny tinha 16 anos quando foi deixada em um abrigo de animais pela família com quem viveu por toda a sua vida. A mestiça de Bulldog e Pit Bull de 34 kg tinha câncer e uma infecção nos olhos, e os voluntários do abrigo imaginaram que a família a deixou pois não podia pagar os custos do tratamento. As informações são da Global Animal.
“Ela estava tão triste e deprimida, letárgica, com aparência deplorável. Ela não conseguia nem erguer a cabeça para um petisco”, disse a fotógrafa Lori Fusaro, que estava tirando fotos de cães idosos deste abrigo de Los Angeles naquele fatídico dia do mês de junho de 2012.
Fusaro confessou que sempre evitara adotar cães mais velhos pois pensava que não poderia suportar quando eles morressem. Mas Sunny mudou a sua opinião a respeito.
“Nenhum cão idoso deveria ser deixado para morrer sozinho, sem amor e de coração partido, sobre o chão de concreto de um lugar estranho”, disse ela.
Naquele dia, Fusaro adotou Sunny e começou a fazer planos para o “Silver Hearts”, um livro de fotos de cães idosos que ela espera que possa encorajar as pessoas a considerar adotar tais animais. Ela planeja doar o lucro a organizações que salvam cães em idade avançada.
Quando ela levou Sunny para casa, percebeu que ela teria algumas semanas de vida, talvez meses, no máximo. Ela nunca imaginou que Sunny viveria o suficiente para poder fazer parte de “Silver Hearts”.
Mas Sunny se recuperou e estava logo se alimentando, brincando e amando viagens à praia. Passou mais de um ano e Sunny está com 17 anos de idade.
O livro de Fusaro está quase pronto. Ela fotografou cães de abrigo, de amigos, do Facebook, Sunny e sua outra cachorra chamada Gabby.
Para fotografar cães de abrigos, Fusaro teve de passar um tempo com eles, brincar com eles e deixá-los mais calmos, disse Jan Selder, diretora de operações do Los Angeles Animals Services.
Abby era uma Cocker Spaniel idosa e com deficiência visual quando o Controle de Zoonoses a encontrou nas ruas de Nova York há sete anos atrás. No abrigo, ela ficava apenas em um canto e latia. Ela foi considerada inadotável e colocada na lista de eutanásia. Uma organização pegou-a e ligou para Val Sorensen, uma ex-colaboradora de Stratford, Connecticut.
Em casa, Abby ficou latindo estática, pois não sabia onde ir ou como se portar. Levou três semanas trombando em paredes e portas para aprender o seu caminho, encontrar a sua comida, saber como ir ao jardim e como ser acariciada. A nova tutora disse que ela tinha que se lembrar de não deixar nada em seu caminho. “Após três semanas, ela começou a abanar o rabo. Agora, se você abrir um pote de pasta de amendoim, ela virá correndo do outro quarto”, conta Sorensen.
Brincando, ela chama Abby de “Anciã Abby” desde que ela estava entre 16 e 17 anos. Ela está ficando surda, mas não deixa passar nenhuma pasta de amendoim.
Sorensen é co-fundadora da Wigglebutt Warriors, uma organização que levanta fundos para resgatadores. A primeira captação do grupo em 2014 irá beneficiar a ONG Oldies But Goodies Cocker Spaniel Rescue em Newington, na Virgínia, que cuida de cães da raça Cocker Spaniel idosos e com necessidades especiais.
“Se um cão está com limitações de visão ou audição, isso não quer dizer que ele não possa ter uma grande qualidade de vida, e o amor de um tutor pode proporcionar isso”, lembra a ativista.
Patrice deAvila de Portland, Oregon, sempre adotou gatos adultos, mais velhos ou vindos de ambientes traumáticos. Os gatos Persa Murphy e Newton tinham seis anos quando ela os adotou, há dois anos atrás. Eles vieram de um lar onde eram abusados. Murphy teve metade de seu rabo arrancado, o que lhe causou problemas neurológicos e nos quadris. “Nós ainda estamos engatinhando, mas na semana passada ele me permitiu acariciá-lo. Espero que ele se deixe pegar no colo em seis meses”, afirma Patrice.
“É difícil dizer adeus a qualquer um deles, mas de vez em quando você perde uma dessas almas gêmeas”, disse ela, lembrando-se de Oliver, um gato que estava com ela há quase cinco anos.
“Ele me encontrava na porta toda vez que eu chegava em casa. Se eu estava chorando, ele levantava sua pata e tocava as minhas lágrimas. Ele sempre dormia sobre o meu ombro. Oliver tinha problemas respiratórios, portanto roncava e emitia ruídos o tempo todo. Por muito tempo, eu não consegui dormir depois que ele se foi, pois ficou tudo muito quieto sem ele”, lembra a tutora, emocionada.
Patrice diz que faz isso pois é a coisa certa a se fazer, do ponto de vista moral. Ela explica que um filhote será mais facilmente adotado, enquanto os mais velhos são frequentemente eutanasiados.
Fusaro concorda, mesmo temendo pela hora em que Sunny a deixará. “Eu quero que o seu tempo aqui seja o mais feliz possível. Sei que teria sido muito mais triste e horrível pra mim se eu tivesse deixado-a no abrigo. Será triste perdê-la, mas muito pior ter virado as costas e deixado que ela morresse sozinha naquele lugar”, finaliza a fotógrafa.
Nota da Redação: As palavras dessas mulheres que deram oportunidade a esses animais mais velhos dispensam comentários. Mas podemos acrescentar que, para tentarmos sentir o que sente um animal idoso ao ser abandonado, bastaria fecharmos os olhos e nos colocarmos no lugar dele por alguns segundos. Se adotar um animal é um gesto nobre por si só, adotar um animal idoso é um gesto ainda mais meritório.
Felizmente, os animais domésticos estão vivendo mais atualmente, quando bem cuidados. É importante notar que, nos dias atuais, cães e gatos de oito, dez ou mais anos de idade não são idosos ainda, de forma alguma. Muitos tutores começam a olhar para esses animais como se eles já estivessem próximos do fim de suas vidas, podendo vir a negligenciar algo e, assim, realmente podem acabar abreviando a sua longevidade. Temos visto que multiplicam-se os casos de cães que vivem mais de 18 anos, gatos que passam dos 20, e com saúde.
De qualquer maneira, não interessa a idade, mas interessa sim que sejam tratados com qualidade e que recebam toda a dignidade em cada momento de suas vidas.